BCE garante que “não fez uma pausa” no aumento das taxas de juro

04 de maio 2023 - 20:56

Aumento de 0,25 pontos percentuais na taxa diretora anunciado por Christine Lagarde é o sétimo consecutivo. José Gusmão diz que esta política "nada tem a ver com controlo de preços" e o objetivo é "transferir mais rendimento do trabalho para o sistema financeiro”.

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Christine Lagarde
Christine Lagarde esta quinta-feira. Foto Angela Morant/BCE

Esta quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) aumentou pela sétima vez consecutiva as taxas de juro de referência, desta vez em 0,25 pontos percentuais. A taxa diretora subiu para 3,75% e a taxa de remuneração dos depósitos para 3,25%. Apesar de uma mitigação face às reuniões anteriores, representa uma continuação da sua trajetória de política monetária restritiva. 

Assim, o BCE segue a decisão do seu homólogo estadunidense. No dia anterior, o FED anunciou a 11.ª subida consecutiva da taxa de juro com mais um aumento de 25 pontos base.

Na conferência de imprensa, Christine Lagarde, presidente do BCE, garantiu que o BCE “não está a fazer uma pausa” no ciclo de subida das taxas de juro e que não está “a assumir qualquer compromisso para cortar as taxas a qualquer momento”.

Enquanto isso, a fação chamada “falcão” do Conselho do BCE, como a governadora alemã Isabel Schnabel ou o austríaco Robert Holzmann, têm defendido continuadas subidas de 50 pontos base. Utilizam a resistência dos preços e a robustez do mercado de trabalho como argumento. 

De facto, a política monetária do BCE não se tem mostrado eficiente. A inflação subjacente, ou seja, excluindo preços dos alimentos e energia baixou de 5,7% em março para 5,6% em abril, sendo a primeira vez em dez anos.  

O eurodeputado José Gusmão reagiu assinalando que “a persistência na subida das taxas de juro, apesar da comprovada ineficácia que tiveram sobre a inflação subjacente, mostra que essa política nada tem a ver com controlo de preços. Trata-se de transferir mais rendimento do trabalho para o sistema financeiro”.

Para além disso, Lagarde alertou ainda que “um maior crescimento dos salários ou das margens de lucro poderá aumentar a inflação” e aconselhou a que “os governos revejam as medidas de apoio à energia”. 

Por fim, avisou que pretende continuar coma redução do programa de compra de ativos (APP) do Eurosistema, sendo que “o objetivo final é reduzir a zero os ativos do APP”. Por enquanto, Portugal ainda parece não ter sido afetado por esta política, mas o risco aumenta. 

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