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Banco de Inglaterra vai financiar diretamente a despesa do governo durante a crise

Num anúncio surpreendente, o governo britânico confirnou que o Banco de Inglaterra vai financiar diretamente a despesa pública durante a crise, evitando que o governo fique dependente dos mercados.
Banco de Inglaterra. Foto: Alex Antonescu/Flickr
Banco de Inglaterra. Foto: Alex Antonescu/Flickr

O governo britânico confirmou esta quinta-feira que o Banco de Inglaterra vai financiar diretamente a despesa pública durante o combate à crise provocada pelo surto de Covid-19. O Reino Unido torna-se, assim, o primeiro país a adotar o “financiamento monetário” do governo, numa tentativa de facilitar a resposta económica aos impactos do coronavírus.

No comunicado, o governo anuncia que vai expandir o volume da conta que possui no banco central, conhecida como “Ways and Means Facility”, que costuma estar fixada nos 370 milhões de libras, para um “valor ilimitado”. Esta medida permitirá ao governo aumentar significativamente a despesa pública no combate à pandemia e financiar programas de apoio ao emprego e aos rendimentos, sem estar dependente de obter financiamento nos mercados.

 

O anúncio é surpreendente pelo facto de surgir poucos dias depois do próprio governador do banco, Andrew Bailey, ter garantido que não o fariam de forma permanente, dizendo que o banco tem a função de “garantir o controlo da inflação”. Na sua opinião, o financiamento monetário poderia levar a uma subida generalizada dos preços, algo que Bailey pretende evitar. É certo que o governo diz que a medida é temporária, mas a porta fica aberta à eventual monetização do défice.

A verdade é que vários economistas têm apontado para o facto de a inflação não ser um problema, sobretudo nas condições atuais. A recessão que já está a afetar a maioria dos países leva a que as economias sofram pressões deflacionistas, pelo que a expansão monetária dos bancos centrais é ainda mais necessária para o contrariar. Fran Boait, diretor executivo da Positive Money, disse que “o uso do financiamento monetário direto prova de uma vez por todas que o governo não depende dos mercados financeiros para financiar a sua despesa. Esperemos que agora possamos ter um debate honesto sobre a forma de alocar os nossos recursos coletivos”.

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