A administração do banco BIC anunciou que vai fechar 40 dos 230 balcões que tem em Angola e despedir cerca de 300 trabalhadores. A justificação apresentada, de acordo com o Novo Jornal, é a situação macroeconómica do país e a incapacidade de adquirir divisas.
Hugo Teles, presidente do Conselho Executivo da instituição bancária e filho do seu fundador, declarou que “temos de ter algum apoio para continuar a trabalhar” e que “infelizmente, só alguns bancos é que estão a comprar divisas, e são bancos que às vezes não têm kwanzas, e nós é que lhes emprestamos os kwanzas, e, ao invés de nos venderem a nós as divisas, não o fazem”. Queixa-se assim que os maiores bancos do país não estão a conseguir comprar divisas em detrimento dos mais pequenos, afirmando: “não é normal que bancos com dez e 20 balcões comprem mais divisas do que aqueles que estão espalhados por todos os lados”.
O Banco Nacional de Angola reagiu esta quinta-feira através seu vice-governador, Pedro Castro e Silva, que, segundo a Lusa, diz que vai ouvir os responsáveis por este banco para perceber os motivos da decisão e refutou qualquer falta de transparência no mercado de divisas que diz ser “livre” com as trocas a serem feitas através de uma plataforma eletrónica. Explicou ainda que quem mais compra divisas são os bancos maiores, acrescentando que “enquanto formos totalmente dependentes do exterior para o consumo de bens alimentares, contratação de serviços, vai sempre haver essa pressão sobre a taxa de câmbio e a oferta de divisas”.
À Rádio Nacional de Angola, o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Empregados Bancários de Angola (SNEBA), Felipe Makengo, diz que a estrutura sindical não foi notificada e que a situação “é realmente preocupante”, prometendo ajuda aos trabalhadores em causa e ir buscar esclarecimentos sobre o que se passa.
Na estrutura acionista deste banco, fundado em 2005 e que se apresenta como “o maior banco privado em Angola em termos de cobertura de unidades comerciais”, destacam-se Santoro Financial Holding SGPS, S.A com 25% e a Finisantoro Holding Limited com 17,5%, ambas criadas por Isabel dos Santos, a filha do ex-presidente angolano Eduardo dos Santos, e o seu sócio Fernando Leonídio Mendes Teles com 20%.
Do seu universo empresarial fazia parte ainda o EuroBic, fundado em 2008 que opera em Portugal, este, que tinha a mesma estrutura acionista que o seu congénere angolano, foi vendido ao galego Abanca recentemente. A participação de Isabel dos Santos nele estava arrestada pelas autoridades depois das revelações do Luanda Leaks, uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos que revelou como ela fez fortuna, e por isso a operação teve de ser autorizada pela Procuradoria Geral da República de Angola.