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Autarquias continuam a utilizar carcinogéneo glifosato

O Bloco de Esquerda questionou todas as autarquias do país sobre o uso do herbicida. Apesar dos riscos para a saúde pública, das 91 Câmaras Municipais que já responderam até ao momento, 75 usam glifosato.

Destacando que é imperioso promover “espaços públicos sem glifosato e livres de pesticidas”, por forma a “proteger a saúde pública e o ecossistema”, João Vasconcelos alertou para a necessidade de conhecer a dimensão do problema. Para esse efeito, enviou, em janeiro, um requerimento a todas as autarquias do país questionando-as sobre a utilização do glisofato.

Das 91 Câmaras Municipais que já responderam até ao momento, apenas 16 dizem não utilizar o herbicida. Ou seja, a esmagadora maioria destas autarquias (82%) continuam a utilizar o composto nos espaços públicos, apesar dos riscos para a saúde pública.

Gondomar, com 4.000 L, Matosinhos (2.800 L), Évora (2.500 L), Ferreira do Zêzere (2.420 L), Portimão (1.800 L), Elvas e Cuba (1.000 L) são as autarquias que usam mais pesticida à base de glifosato, em quantidades bastante superiores à generalidade das autarquias.

No documento endereçado às Câmaras Municipais, João Vasconcelos lembra que “a Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (AIIC) da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o glifosato como 'carcinogéneo provável para o ser humano', tendo a investigação da AIIC identificado a relação entre a exposição ao herbicida e o Linfoma Não-Hodgkin.

“Este tipo de cancro de sangue é dos cancros que mais se regista em Portugal, com cerca de 1.700 novos casos por ano”, assinala o documento.

O glifosato é o herbicida mais usado no país, sendo comercializado por empresas como a Monsanto, Dow, Bayer e Syngenta e vendido livremente em estabelecimentos comerciais. O seu consumo duplicou na última década em Portugal, tendo sido aplicadas para fins agrícolas mais de 1400 toneladas só em 2012.

A par da sua aplicação na agricultura, o glifosato é também utilizado nos serviços de autarquias que utilizam este composto nos espaços urbano.

A Quercus e a Plataforma Transgénicos Fora lançaram um apelo público para que as autarquias portuguesas deixem de usar glifosato nos espaços urbanos, alertando para o risco ambiental e para a saúde pública desta prática generalizada no país.

Por sua vez, o Bloco de Esquerda apresentou, em 2015, um projeto de resolução no sentido de proibir o uso do glifosato, mas a proposta foi recusada com os votos contra do PSD e CDS-PP, a abstenção do PS e PCP e os votos a favor do Bloco e PEV.

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