As famílias que estão em risco de despejo sem alternativa em Santa Iria da Azoia estiveram esta quinta-feira presentes na Assembleia Municipal de Loures para exigir que não haja despejo sem solução. Perante as exigências dos moradores, a vice-presidente do Partido Socialista insinuou que as crianças poderiam ser retiradas às famílias devido a falta de “condições de segurança”.
Em resposta às interpelações dos moradores, a vice-presidente da Câmara de Loures Sónia Paixão, disse que teme "inclusivamente pelas questões que dizem respeito à proteção destas crianças” e que “com todo este alarido público que tem sido dado a esta situação, com certeza podem ser acionados os mecanismos, porque estas crianças não têm efetivamente condições de segurança para ali estar”.
Os residentes do bairro estão há uma semana com medo de serem despejados depois de terem recebido notificação da Câmara Municipal de Loures, afirmando várias vezes que se não lhes fosse garantida uma alternativa, teriam de se abrigar debaixo do viaduto que passa atrás daquele terreno. Os moradores tinham a informação de que o despejo aconteceria na quinta-feira de manhã, mas tal não aconteceu. O medo permanece de que possam ser despejados a qualquer momento.
Na Assembleia Municipal de Loures que se realizou na quinta-feira à noite, representantes de 26 famílias intervieram para pedir uma solução habitacional ao Executivo, liderado por Ricardo Leão, do Partido Socialista.
“Não vivemos nesta situação porque queremos. Queríamos viver numa situação regular e segura. Não tivemos outra alternativa. O que resta é que a Câmara e o Estado nos dê apoio. Queremos colaborar e pagar rendas”, disse Lor Neves, um dos moradores do bairro da Rua das Marinhas do Tejo.
Habitação
“Estamos à deriva”: Câmara de Loures ameaça despejar quase cem pessoas sem alternativa
Pelo movimento Vida Justa, Gonçalo Filipe afirmou que “a demolição não resolve a precariedade destas famílias” e que “esta foi a única alternativa encontrada pelas cerca de 100 pessoas que residiam naquelas habitações na Rua das Marinhas do Tejo”.
A meio da assembleia, os trabalhos foram interrompidos devido à indignação dos moradores com a recusa reiterada de responder à pergunta por parte do executivo. A deputada municipal do Bloco de Esquerda, Rita Sarrico, abandonou a sessão em protesto.
Nas redes sociais, a concelhia de Loures do Bloco de Esquerda explicou que "o Bloco de Esquerda abandonou os trabalhos juntamente com os moradores em protesto contra a falta de respostas e as ameaças da Câmara" e promete manter a pressão "para que respondam a estes moradores e para que soluções habitacionais sejam encontradas".