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"Audição da CEO da TAP mostrou a necessidade de esclarecer responsabilidades políticas"

A comissão de inquérito à TAP deverá tomar posse na primeira semana de fevereiro, afirmou o líder parlamentar do Bloco à saída da reunião da conferência de líderes na Assembleia da República. O debate sobre a comissão de inquérito proposta pelo Bloco ficou agendado para o dia 1 de fevereiro e Pedro Filipe Soares prevê que a comissão possa tomar posse poucos dias depois.
A audição da CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, esta quarta-feira no Parlamento, "demonstra que há responsabilidades políticas que têm que ser devidamente esclarecidas", prosseguiu Pedro Filipe Soares. "As dúvidas que nós tínhamos só ficaram adensadas sobre a forma como uma das maiores empresas do país, que tinha uma participação pública superior a 3.200 milhões de euros, era acompanhada quer pelo Ministério das Infraestruturas quer pelo das Finanças", sublinhou.
Além dessas responsabilidades políticas, o Bloco quer também que a comissão de inquérito incida "sobre os atos de gestão da administração". Por exemplo, "uma administradora não pode dizer que fez um comunicado à imprensa que não era factual porque teve indicações nesse sentido", prosseguiu o líder parlamenar bloquista, a propósito do anúncio da saída de Alexandra Reis da administração.
CEO da TAP "não pode dizer que recebe o seu salário para fazer o que os consultores mandam"
Durante a audição, a deputada bloquista Mariana Mortágua lembrou que o salário anual de Christine Ourmières-Widener à data da contratação era de 504 mil euros anuais e questionou se esse salário foi cortado na mesma proporção em que foi cortado o salário dos trabalhadores da TAP. Mas também qual será o bónus e se ele pode ser recebido em caso de despedimento por justa causa. Sobre a saída de Alexandra Reis da administração, Mariana Mortágua insistiu em saber se a TAP mentiu ao mercado. O comunicado à CMVM sobre a renúncia da administradora enviado em fevereiro foi retificado recentemente após o escândalo que levou à demissão de Alexandra Reis do Governo. Christine Ourmières-Widener tinha respondido que o comunicado inicial tinha sido escrito "palavra a palavra pelo nosso consultor externo", os advogados da Sociedade Rebelo de Sousa.
"A senhora presidente não pode dizer que recebe o seu salário para fazer o que os consultores mandam", afirmou a deputada do Bloco, questionando a CEO da TAP sobre eventuais pagamentos de indemnizações a outros administradores que saíram da empresa já durante o mandato de Christine Ourmières-Widener.
"A presidente da TAP tem de responder por indemnizações milionárias dentro da TAP, que acontecem ao mesmo tempo em que os salários na TAP são cortados e somos confrontados por denúncias de abuso por parte da administração em relação a trabalhadores da TAP", prosseguiu Mariana Mortágua.
Leques salariais vão a debate a 10 de fevereiro
Para o dia 10 de fevereiro ficou agendado o debate sobre a proposta bloquista para instituir leques salariais nas empresas com participação pública e torná-los uma condição para empresas privadas que queiram ter concursos púbicos. O objetivo é evitar que os administradores possam ganhar num mês mais do que um trabalhador da mesma empresa ganha num ano.
Pedro Filipe Soares diz que "a TAP é um bom exemplo" da necessidade de aprovar os leques salariais, pois trata-se de uma empresa em que os trabalhadores auferem salários baixos e a CEO tem um "salário principesco". Por isso, "os dois temas são conexos e demonstram a desigualdade salarial do país".
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