Na missiva, as cerca de seis dezenas de ativistas assinalam que, “em Portugal, a fragilidade das políticas públicas de efetivo combate à discriminação étnico-racial é flagrante, apesar da crescente visibilidade que a discussão sobre o racismo e a xenofobia tem conquistado, resultante, em grande medida, da luta das organizações antirracistas”.
“As manifestações de racismo e xenofobia, que persistem na sociedade e nas instituições, são preocupantes e revelam o seu carácter enraizado na nossa sociedade”, continuam.
A esse respeito, referem que “um número crescente de pessoas, residentes em Portugal, tem sido alvo de discursos de ódio, baseados nas suas características étnico-raciais, religião ou nacionalidade, num exercício de violência e de humilhação que afeta a dignidade, as oportunidades, a prosperidade, o bem-estar e, muitas vezes, a segurança”.
Os ativistas antirracistas sublinham ainda algo que é amplamente conhecido, ainda que alguns o tentem negar: “As pessoas migrantes, que escolhem Portugal para uma vida melhor, contribuem para o desenvolvimento social, económico e cultural da nossa sociedade. E, no entanto, continuam a enfrentar situações de exploração laboral e humana, de extrema precariedade, de exclusão social e de preconceito”.
“Temos assistido ao crescimento de forças fascizantes, ao aumento do lastro dos discursos anti-imigração e à tendência de criminalização do direito a migrar. As narrativas racistas e coloniais, que reforçam os estereótipos contra pessoas negras, ciganas e comunidades religiosas, são um dispositivo que conduz ao retrocesso dos direitos conquistados, constituindo, hoje, uma ameaça à nossa democracia”, alertam.
Afirmando acreditar que “o combate é feito com propostas e na rua, apoiando todas as mobilizações que se levantam contra a política do ódio”, os ativistas enfatizam que “é fundamental derrotar as forças fascizantes e racistas, que continuam a negar direitos às pessoas migrantes, negras e ciganas”.
“No dia 10 de março, é preciso votar para aprofundar os direitos de todas as pessoas que vivem em Portugal, combatendo o racismo e a discriminação para construir uma sociedade justa, progressista e inclusiva”, apontam. E, conforme defendem, é o voto no Bloco “que combate o racismo e a discriminação, na luta por uma sociedade digna, igualitária e socialmente justa”.
“Nos 50 anos da Revolução de Abril, apoiamos o Bloco de Esquerda. Dia 10 vamos Fazer o que nunca foi feito”, rematam.
Subscrevem a carta aberta:
Alberto Matos, dirigente associativo
Alessandra Guedes, profissional de comunicação social
Aliyah Bhikha, estudante
Amadu Dafé, jurista
Amanda Baeza, artista
Aminta Josenaide Có, Trabalhadora estudante
Ana Durães, trabalhadora estudante
Andreia Galvão, atriz, estudante e jornalista freelancer
Andreina Zerega, bolseira de doutoramento em engenharia do ambiente
Bárbara Góis, estudante de artes
Beatriz Lopes, estudante
Bia Djassi, responsável de Recursos Humanos
Bruno Braz, psicólogo e doutorando
Caropul Mendes, gestor
Cristina Isabel Dabó, estudante
Cyntia de Paula, dirigente Associativa
Diógenes Parzianello, sociólogo
Edna Tavares, psicóloga clínica e coordenadora do Projeto GAT ´Afrik migrante
Fernanda Tássia Fernandes, professora e cantora
Gustavo Weigert Behr, jurista
Helena Serra, professora universitária e investigadora
Hugo Monteiro, professor
Inês Fernandes, técnica de rastreio
Iracema de Matos Vilarigues Maia, funcionária pública
Isaac Jaló, escritor
Jefferson Oliveira, ator e professor
José Falcão, dirigente da SOS Racismo, reformado da CP
Karim Quintino, politólogo
Laura Diogo, mediadora sociocultural
Lou Loução, realizadora, produtora, programadora, curadora e estudante
Mafalda Fati, assistente de informações - Portway
Mamadou Ba, dirigente da SOS Racismo e investigador
Maria da Conceição Sobrinho - Lilia Trajano, assistente social e atriz
Maria Gil, atriz
Maria Vieira, consultora comercial
Marta Oliveira, administrativa de recursos humanos
Mauro Agostinho, jurista
Miriam Moniz, estudante
Miriam Sabjaly, jurista
Nuno Ferreira Dias, investigador auxiliar
Nuno Silva, jurista
Paula Cardoso, fundadora do Afrolink
Paula Ramos e Ramos, joalheira
Pedro Ferreira, professor universitário
Pedro Schacht Pereira, professor universitário e investigador
Pedro Varela, investigador
Rebeca Moore, estudante
Ricardo Domingos, empregado de limpeza e ativista sindical
Rita Ié, socióloga e técnica social
Ruth Domingos, trabalhadora estudante
Sadiq S. Habib, escritor e tradutor
Sandra Urceira, ativista antirracista
Santiago Mbanda Lima, diretor financeiro
Sara Graça, bancária
Sedrick Carvalho, jornalista
Shahd Wadi, investigadora
Sumaila Jaló, ativista e estudante
Timóteo Macedo, dirigente associativo