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Assédio na academia: estudantes querem respostas eficazes em vez de "gabinetes a fingir"

Nas manifestações desta terça-feira em Lisboa, Coimbra e Braga, os estudantes exigiram um gabinete independente de apoio psicológico e jurídico em todas as universidades do país para dar eficácia ao combate ao assédio na academia.
Academia Não Assedia. Foto de MANUEL ALMEIDA/LUSA.

Sob o lema “Academia não assedia”, os estudantes juntaram-se esta terça-feira em frente à reitoria da Universidade de Lisboa, em Coimbra no Largo de D. Dinis, e em Braga no Campus de Gualtar da Universidade do Minho.

Enquanto se lançavam palavras de ordem como “a luta é todo o dia contra o assédio na academia” e “assédio abafado, abaixo o patriarcado”, a porta-voz da concentração de Lisboa, Raquel Oliveira, explicava à Lusa que esta ação é necessária porque “as instituições não estão a fazer nada ou quase nada, para combater estas práticas” de assédio. Para ela, as medidas que estão a ser implementadas ficam “muito aquém” e “poucas instituições implementaram, de facto, algo para colmatar isto e os gabinetes que existem são ineficazes”, continuando o “medo de falar”.

Na concentração de Coimbra, o tom foi o mesmo. Camila Marques também criticou o apoio dado, exigindo “um sistema mais efetivo e que realmente funcione”, nomeadamente “um gabinete de denúncias independente da Universidade, em que quem esteja a ajudar as vítimas não tenha nada a ver com a Universidade”. O gabinete que hoje existe “recebeu 42 denúncias, porém não funciona porque as pessoas que avaliam esses casos estão ligadas à Universidade. Isso causa grande constrangimento, medo de represálias e de perder bolsas de investigação”.

No caso de Braga, Beatriz Coelho, do Coletivo Estudantil Feminista da Universidade do Minho, garante que há um "problema generalizado" de assédio moral e sexual nas academias portuguesas. As três sublinham o mesmo: “chega de gabinetes a fingir, queremos respostas eficazes”.

O movimento “Academia não assedia” defende precisamente essa medida com uma das principais reivindicações. Querem a criação de um gabinete independente de apoio psicológico e jurídico em todas as universidades do país.

Para além disso, defendem a a criação de códigos de conduta e a promoção de medidas sancionatórias eficientes. Exigem ainda a realização de questionários institucionais anónimos, para apurar o número atualizado de situações de assédio, a distribuição de informação sobre os mecanismos de apoio e a garantia de que as vítimas não sejam avaliadas por docentes contra quem fizeram queixa.

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