Apresentação das três moções à XI Convenção

10 de novembro 2018 - 17:01

As três moções a debate na XI Convenção do Bloco de Esquerda foram apresentadas por ordem decrescente. Primeiro, Marisa Matias apresentou a moção A, depois Inês Ribeiro Santos apresentou a moção M e, por fim, Américo Campos apresentou a moção C.

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As três moções a debate na XI Convenção do Bloco de Esquerda foram apresentadas por ordem decrescente - Foto de Paulete Matos
As três moções a debate na XI Convenção do Bloco de Esquerda foram apresentadas por ordem decrescente - Foto de Paulete Matos

É tempo de ser exigente”

Marisa Matias começou por evocar a conferência de imprensa em que Catarina Martins anunciou: “O governo da direita acabou”, momentos depois de serem anunciados os resultados das eleições de 2015. Diante da derrota da direita, o PS foi obrigado a negociar com uma esquerda que saíra reforçada.

O acordo que nasceu dessas negociações, em que a esquerda não teve a ingenuidade de entrar no governo, levou a que pela primeira vez desde há anos, as pessoas ganhassem direitos em vez de perdê-los.

Longe de pintar uma cena cor-de-rosa, Marisa Matias reconhece que a reforma à legislação laboral ficou por fazer, que o nível de investimento público é insuficiente, entre tantas outras questões. “Fizemos o que pudemos com a força que as pessoas nos deram. Deem-nos mais força e faremos mais”, prometeu.

O programa avançado pelo Bloco de Esquerda tem cinco eixos fundamentais: a recuperação dos direitos do trabalho; a refundação dos serviços públicos; a estratégia de descarbonização da economia, em nome do meio ambiente; a elevação dos níveis de investimento público; e a soberania alimentar. Consciente de que este programa é incompatível com o Tratado Orçamental da União Europeia, a moção A insiste na democracia contra o autoritarismo da Comissão Europeia. Comissão, aliás, que já demonstrou não ser uma barreira à xenofobia que cresce na Europa. “Muitas vezes os ortodoxos de Bruxelas são os melhores amigos que a extrema-direita pode ter. A deputada concluiu com o lema da moção: “É tempo de ser exigente”.

Queremos um partido que vá contra o status quo”

Na sua intervenção em nome da moção M, Inês Ribeiro Santos começou por considerar que “estamos mais fracos porque a organização à esquerda está mais fraca e descredibilizada”, criticando o Bloco por perder a radicalidade, “entre a sede de mediatismo e o trabalho burocrático e parlamentar, confundindo os meios com os fins, seguindo sem uma estratégia clara”.

A moção M apontou que quer “a construção de um partido anticapitalista que represente uma mudança do status quo e não a sua manutenção”, defendendo que o Bloco “necessita afirmar-se como uma alternativa às políticas neoliberais” e “não ser confundindo com um partido-fantasma que não está nem no governo nem na sua oposição”.

Inês Ribeiro Santos defendeu um “Bloco combativo” que proponha “a renegociação da dívida ou mesmo o não pagamento da mesma”, uma economia autossuficiente e ecologicamente sustentável e que lute contra a chantagem da perda de direitos.

A apresentadora da moção M criticou o Bloco por atropelar “decisões tomadas coletivamente, dentro e fora do Bloco, ao mesmo tempo que sobrepõe a sua agenda política, comprometendo ativismo e ativistas”.

Para crescermos precisamos de reforçar a democracia interna”

Na apresentação da moção C, Américo Campos começou por abordar o nascimento do Bloco, dizendo que “há 20 anos, duas organizações juntaram-se e criaram o Bloco, que encerra contradições”.

“Como podem agrupamentos revolucionários, criar uma formação reformista”, questionou Américo Campos e afirmou que a “revolução é o único caminho, que nunca foi feito para derrubar um governo eleito”.

Américo Campos defendeu também a necessidade de reforçar a democracia interna, considerou que o Bloco “precisa de um sobressalto para chegar às pessoas” e criticou “as tendências mais preocupadas com a institucionalização”.

Notícia corrigida domingo 11 de novembro às 11h

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