Ambientalistas exigem plano para desativar pedreiras na Arrábida

23 de julho 2023 - 20:00

Numa carta aberta enviada à administração da Secil, a Liga para a Proteção da Natureza e outras seis ONG defendem que a cimenteira deve dedicar os últimos anos de atividade na Arrábida a implementar o plano de recuperação e valorização paisagística da área.

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Vedação junto à pedreira com mar em fundo
Foto publicada no site da LPN.

A Liga para a Proteção da Natureza, com o apoio das outras seis organizações ambientalistas da coligação C7 (ANP/WWF, FAPAS, GEOTA, QUERCUS, SPEA e ZERO), escreveu uma carta aberta à administração da Secil a defender que chegou o momento de "fechar de uma vez por todas estas feridas abertas na Arrábida, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável e de coesão social e territorial", após a conclusão do processo de rejeição do pedido da cimenteira para alargar a sua zona de exploração das pedreiras.

Com esta missiva, a LPN vem agora "solicitar à Secil a apresentação de um plano de desativação das suas pedreiras na Arrábida, bem como um plano de encerramento faseado da Fábrica do Outão e a renaturalização da área afetada". Os ambientalistas defendem que "a Secil deverá dedicar os seus últimos anos de atividade na Arrábida à conclusão da obrigatória implementação do plano de recuperação e valorização paisagística na área explorada" e continuar o seu negócio nas suas outras propriedades "onde possua reservas de margas e calcários e licenciamento para a sua exploração".

As associações acrescentam ter confiança que "com o devido planeamento, a Secil será bem-sucedida numa solução para os cerca de 200 trabalhadores que ainda emprega na Arrábida, seja por absorção no mercado de trabalho, pela transferência para as suas outras unidades de produção e/ou indemnização por rescisão, beneficiando da capacidade financeira própria que a empresa adquirira, divulgada noutros contextos".

Quanto ao impacto económico do encerramento da Fábrica do Outão, dedicada sobretudo à exportação, acreditam que os proveitos do turismo e dos bens e serviços de ecossistema no Parque Natural da Arrábida irão compensar o fim da atividade extrativa na serra.

Com a proibição de instalação de novas pedreiras, a atividade extrativa da Secil "passa, assim, a ter um fim de vida à vista e, com ele, também o da Fábrica do Outão, cuja laboração apenas é economicamente viável enquanto fornecida com massas minerais vindas daquelas pedreiras". E se as recentes crises no setor da construção não tivesse, abrandado o ritmo da extração, "Secil estaria já próximo de terminar a sua atividade extrativa nesta Área Protegida e estaria agora praticamente 100% dedicada à sua renaturalização", aponta a carta aberta. Mas em vez disso, tem recorrido à solução, "insustentável do ponto de vista do negócio, de transporte de calcário vindo de outras pedreiras, desde Sesimbra". E procurou mesmo autorização para ampliar a área de exploração, que até agora tem sido negada.