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Ambientalistas alertam para falta de água no rio Tejo

Ambientalistas espanhóis e portugueses alertam para a diminuição do caudal do rio na zona de Toledo e apontam que se poderá registar um "desastre ecológico de enorme magnitude". O Bloco questionou o Governo sobre os caudais insuficientes no Rio Tejo, em abril passado.
Rio Tejo em Santarém - Foto tepui.geoversum /flickr

A Plataforma em Defesa do Tejo (página no facebook) alertou neste domingo que o rio mais comprido da Península Ibérica “esgota-se” ao passar pela província de Toledo, em Espanha, devido a mais uma seca e ao transvase para a barragem de Segura.

Miguel Ángel Sánchez, em declarações à agência Efe, qualificou de “inaceitável” que a bacia do Tejo, com cerca de 40 mil quilómetros quadrados na província de Toledo, esteja seca.

Sánchez aponta que, se a situação continuar, se poderá registar um “desastre ecológico de enorme magnitude”, que será “trágico” para os ecossistemas aquáticos.

A Plataforma em Defesa do Tejo aponta a necessidade de um ordenamento do Tejo e seus afluentes para ser estabelecido um regime de caudais ecológicos e que o governo de Castela-La Mancha deveria exigir à Confederação Hidrográfica do Tejo que cumpra o pacto de 2014 para garantiu um caudal mínimo de 10 metros cúbicos por segundo na zona de Talavera.

Movimento ProTejo associou-se aos alertas dos ambientalistas espanhóis

Em declarações à agência Lusa, Paulo Constantino, porta-voz do movimento, previu estar para "breve" o início da participação pública, que deverá durar seis meses, para perceber quais podem ser as alterações e apresentar contribuições para a parte lusa do maior rio da Península Ibérica.

O proTEJO – Movimento pelo Tejo, que tem vindo a denunciar os problemas de escassez de caudais e de poluição no rio Tejo, dirigiu em maio passado uma carta aberta ao ministro do Ambiente, onde, denunciando a escassez de água e poluição no Rio Tejo, refere a “necessidade de adoção das medidas que já apresentou, em 2012, nas alegações ao Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo”.

O movimento aponta, designadamente, “a revisão dos caudais mínimos do rio Tejo previstos na Convenção de Albufeira”, a “quantificação dos caudais ambientais em hm3 e m3/ segundo”, o estabelecimento de indicadores do estado ecológico das massas de água transfronteiriças”, a “avaliação do estado ecológico no relatório sobre o cumprimento da Convenção de Albufeira”, a “determinação de caudais ambientais nos vários troços de rio e na chegada à foz em função do objetivo de estado ecológico” e a instauração de “sanções por incumprimento da Convenção de Albufeira de carácter financeiro e ambiental, em termos de restauração fluvial”.

O ProTejo apoia também o pedido de anulação do Plano Hidrológico espanhol para o Tejo, interposto por uma rede cidadã, e critica a existência de planos nos dois países, por “quebrarem o princípio da unidade de gestão”.

Bloco questionou governo sobre os caudais insuficientes no Rio Tejo

Em abril passado, o Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre os caudais insuficientes no Rio Tejo.

No documento, assinado pelo deputado Luís Fazenda, referia-se que “as albufeiras do Tejo, em Portugal e no estado espanhol, apresentam um armazenamento de águas superior à média dos últimos anos”, que “na zona do Médio Tejo regista-se o assoreamento do leito do rio, a deterioração da qualidade da água e danos em infraestruturas fluviais que ficam a descoberto” e que “os caudais são cada vez mais reduzidos e insuficientes para sustentar o estado ecológico destes ecossistemas”.

O Bloco perguntou ao governo, através do ministro do ambiente, que medidas iria tomar “para garantir a existência de um nível regular dos caudais do rio Tejo”, que medidas iria tomar “com as entidades competentes do estado espanhol”, “de forma a assegurar o cumprimento de caudais mínimos que mantém o equilíbrio ecológico do rio e o abastecimento do país” e se o governo “prevê rever a Convenção de Albufeira no sentido de aumentar o caudal mínimo anual do Tejo”.

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