Um relatório apresentado na passada segunda-feira por Bernie Sanders, que preside o Comité do Senado dos EUA sobre Saúde, Educação, Trabalho e Pensões, conclui que durante períodos de pico de trabalho há nos armazéns da Amazon “condições extremamente inseguras” de trabalho.
O pior período é precisamente o que se tem vivido nos últimos dois dias, o famoso Prime Day da Amazon, com os seus descontos é um perigo para os trabalhadores, sendo “uma das principais causas de ferimentos para os trabalhadores dos armazéns que o tornam possível”. O Natal é também outro momento preocupante.
O volume de trabalho é nestas alturas “volume extremamente alto” e há uma “pressão intensa para trabalhar longas horas e ignorar as diretrizes de segurança”.
Os números falam por si. No Prime Day de 2019, a taxa de lesões registáveis, ou seja aquelas que, pela sua natureza, a empresa tem de comunicar à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional foi de dez em cada cem trabalhadores, o dobro da média do setor. Se forem contabilizadas as lesões que não é preciso declarar ao organismo do Estado, mas que estão registadas no documentos internos da Amazon, a taxa sobe a quase 45 em cada cem trabalhadores.
Sanders, de acordo com a CNN, diz que “estas taxas de lesões são especialmente flagrantes à luz da receita incrível que a empresa gera e dos recursos que ela tem disponíveis para os tornar seus armazéns seguros para os trabalhadores”. Só o Prime do ano passado valeu 12,7 mil milhões de dólares em vendas. Daí que o relatório exija que a empresa aplique medidas para proteger os seus trabalhadores.
Kelly Nantel, porta-voz da empresa, contesta tudo isto e assegura, segundo o mesmo órgão de comunicação social, que “a segurança e a saúde de nossos funcionários são e sempre serão nossa principal prioridade”, que desde 2019 foi feito “um progresso significativo” na redução de incidentes e que a taxa de lesões citada pelo Senado afinal vem de um documento interno de há cinco com anos mas com “metodologia errada e lacunas na investigação”, afirmando agora que foi “rejeitado por especialistas especializados em análise de dados”.
Já o ano passado Sanders tinha escrito a Andy Jassy, CEO da Amazon, exigindo que “a Amazon deve parar de pressionar os trabalhadores além dos seus limites. Na sua busca incessante por lucros, a Amazon sacrifica os corpos dos trabalhadores sob a pressão constante de um sistema de vigilância que impõe taxas impossíveis [de trabalho]. Quando confrontada com ferimentos de trabalhadores, a Amazon fornece cuidados médicos mínimos”.