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Alentejo: Bloco contesta projeto de central dessalinizadora para uso privativo

As chuvas das últimas semanas não podem “desviar atenções do problema estrutural da gestão da água face às alterações climáticas”, defende a distrital bloquista, condenando "o uso e abuso da água pela agricultura intensiva".
Barragem de Santa Clara em abril de 2019. Foto Monica_Loirinha/Flickr

A coordenadora distrital do Bloco de Esquerda de Beja debateu o tema da gestão da água na região, sublinhando o facto de apesar das fortes chuvas no país nas últimas semanas, a situação do armazenamento nas barragens do Alentejo continua a ser preocupante. E deu o exemplo do Monte da Rocha (11%), Campilhas (12%), Roxo (37%), Santa Clara (37%) e Odivelas (50%). “A situação na barragem de Santa Clara é mais preocupante, dado o uso e abuso da água pela agricultura intensiva, em detrimento do abastecimento público e dos pequenos agricultores, chamados “periféricos”, a quem tem sido cortado o acesso”, apontam a distrital bloquista citada pela Rádio Pax.

Em declarações a esta rádio, Alberto Matos voltou a criticar os "critérios impostos aos regantes do Mira em que qualquer um pode exceder a sua quota desde que pague. Isto é um bónus aos grandes, em particular às 17 maiores empresas, com destaque para a Sudoberry e à Maravilha Farms que pertende ao grupo Driscoll's", acusou o dirigente bloquista.

"Preocupa-nos também que o ministro do Ambiente tenha anunciado uma dessalinizadora com uso privativo dos regantes do Mira. Do ponto de vista ambiental, as dessalinizadoras têm problemas técnicos graves", nomeadamente "a produção de resíduos de salmoura cujo tratamento é muito difícil e está a trazer em vários locais onde elas funcionam problemas para o ambiente e a saúde pública", prosseguiu Alberto Matos.

"Em segundo lugar, ao se anunciar para uso privativo de um setor e não para o abastecimento público ou para os chamdos periféricos, os pequenos agricultores que precisam de água, estamos a dar um sinal de que se vai construir um equipamento bastante caro com dinheiro público para - palavras do ministro - uso privativo" da agricultura intensiva do litoral alentejano, criticou.

"Para quê eleger tantos deputados do PS no Alentejo se metade deles votaram ao lado da direita?"

O Bloco de Esquerda de Beja saudou a aprovação no Parlamento do projeto de resolução bloquista que recomenda ao Governo que o projeto de "Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve – Solução da Tomada de Água no Pomarão" tenha como prioridade o abastecimento às populações. No entanto, Alberto Matos criticou o sentido de voto de três deputados socialistas eleitos pelo Alentejo e que destoaram do resto da bancada do PS. "Houve dois socialistas que votaram contra e um deles é Pedro Carmo, que foi cabeça de lista por Beja. Votou contra uma proposta que beneficia diretamente populações do nosso distrito e do concelho de Mertola que sofrem os efeitos da seca", apontou Alberto Matos, acrescentando que houve duas abstenções "muito significativas" de deputados eleitos por Évora, sendo uma delas de Capoulas Santos, "que durante estes anos todos fez os fretes todos à agricultura intensiva".

"Porque é que há três socialistas eleitos no Alentejo que votam ao lado da direita e sobretudo votam contra uma proposta que servia as populações mais isoladas e que mais sofrem os efeitos da seca no concelho de Mértola? Para quê eleger tantos deputados do PS no Alentejo se metade deles votaram ao lado da direita, quer abstendo-se quer votando contra?", questionou o dirigente do Bloco em Beja.

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