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Alemanha rejeita proposta de Hollande para emissão de "eurobonds"

A Alemanha rejeitou, esta segunda-feira, a proposta do novo Presidente francês, à margem da cimeira do G8, para a introdução de eurobonds na zona euro, considerando-a "a receita errada no momento errado". A cimeira do G8 foi, contudo, marcada pelo discurso do “crescimento” que ganhou força com a eleição de François Hollande. Quanto à Grécia, o G8 fez um ultimato a favor da austeridade, segundo David Cameron.
François Hollande e Angela Merkel na cimeira do G8 que teve lugar em Camp David, EUA, este fim-de-semana. Foto Peer Grimm/EPA/LUSA

O novo Presidente francês François Hollande colocou em cima da mesa da cimeira do G8, que decorreu este fim-de-semana em Camp David, nos EUA, a necessidade de emissão de “eurobonds”, títulos de dívida europeia, como uma solução para a crise. Esta segunda-feira, o Governo alemão respondeu que não concorda.

"No momento atual, não vejo motivos para mudarmos de rumo, a introdução de eurobonds seria a receita errada no momento errado, e teria efeitos secundários contraproducentes", disse o secretário de Estado das finanças alemão, Steffen Kampeter, à emissora pública de rádio Deutschlandfunk. Na opinião de Kampeter, a base para uma política orçamental comum na Europa "é, em primeira linha, o Tratado Orçamental", e não a emissão de títulos conjuntos de dívida pública europeia, os chamados eurobonds.

Uma tal emissão permitiria aos países da moeda única com dificuldades de acesso aos mercados de capitais financiarem-se em condições mais favoráveis. Em contrapartida, países como a Alemanha, que beneficiam de juros muito baixos para se financiar nos referidos mercados, teriam de pagar mais.

O Governo de Angela Merkel tem recusado sistematicamente a emissão de eurobonds, considerando-os uma forma de mutualizar as dívidas públicas na zona euro.

Após a reunião do G8, o novo chefe de Estado francês, François Hollande, anunciou, no entanto, que irá fazer propostas para incrementar o crescimento económico na União Europeia no Conselho Europeu Extraordinário de quarta-feira, em Bruxelas, incluindo a emissão de eurobonds. "Não estarei sozinho a fazer essas propostas", sublinhou Hollande.

Obama e Hollande defenderam crescimento na Cimeira do G8

Antes de começar a Cimeira do G8, o presidente americano Barack Obama e o homólogo francês François Hollande encontraram-se na Casa Branca e defenderam “medidas enérgicas para o crescimento”.

A crise na Europa foi um dos temas centrais desta cimeira, por isso o diálogo entre o Presidente francês e o homólogo norte-americano começou por aí. “O crescimento deve ser uma prioridade, e sobre esta questão houve convergência de pontos de vista”, referiu François Hollande logo após o encontro.

Após hora e meia de reunião, os dois Presidentes sublinharam ainda que a Grécia “deve continuar na zona euro”.

No arranque do segundo dia do G8, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estimulou os seus pares a implementar medidas de crescimento económico que potenciem o desenvolvimento dos Estados e a criação de emprego. "Todos estamos comprometidos em assegurar que quer crescimento, estabilidade e consolidação orçamental fazem parte de um pacote global que todos temos de perseguir para atingir a prosperidade que todos queremos", declarou o Presidente norte-americano.

Cameron lançou ultimato à Grécia, em nome do G8

Primeiro-ministro britânico afirmou que as eleições gregas de 17 de Junho têm de ser clarificadoras: se os gregos rejeitarem a austeridade exigida para continuarem a ser membros do euro, então devem saber que estão a votar para sair da moeda europeia. Cameron diz que essa foi a mensagem saída do G8.

“Enviámos uma mensagem muito clara ao povo grego. Estão perante uma escolha, em que podem votar para ficar no euro com todos os compromissos que assumiram ou, se votam em sentido contrário, estarão efetivamente a votar pela saída”. Esta afirmação de David Cameron, primeiro-ministro britânico, citada pelo The Telegraph, foi feita no rescaldo da cimeira do G8.

“O que é crucial é que os líderes da Zona Euro preparem planos de contingência para as duas eventualidades, planos claros para manter as nossas economias a salvo e estáveis”, defende. “Seria mau para a Grécia, mau para a Europa, mau para o mundo se, perante um resultado inconclusivo, permitíssemos continuar a empurrar esta situação para a frente”, acrescentou Cameron, ao mostrar, contudo, preferência pela manutenção da Grécia no euro, em linha com o consenso saído do G8.

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