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Aeroporto de Lisboa: Afinal é preciso plano B, diz Bloco
A decisão da Autoridade Nacional de Aviação Civil de chumbar liminarmente a construção do novo aeroporto de Lisboa no Montijo, anunciada esta terça-feira, foi considerada pelo Bloco de Esquerda como uma “boa notícia” que era “inevitável”. Joana Mortágua saudou, em declarações à TSF, que as "populações, autarquias e todos os que criticaram este projeto desde o início" tenham podido contrariar a vontade do Governo, o que obrigará este a apresentar um “plano B”, ao contrário do que tinha dito António Costa quando assinou o contrato com a Vinci e a ANA.
A ANAC tomou a decisão por faltarem ao processo elementos considerados fundamentais como os pareceres favoráveis de todas as câmaras municipais dos concelhos potencialmente afetados pelo aeroporto.
Esta decisão é mais que justificada, acrescenta a deputada bloquista, que caracteriza a proposta do executivo como a da construção de um aeroporto "low cost, a prazo e destrutivo". Sublinha ainda que “o Parlamento já tinha dito que este projeto não podia avançar sem uma Avaliação Ambiental Estratégica, as autarquias já tinham dito que não davam a sua autorização, a ANAC já tinha dito que não daria o parecer positivo sem o parecer positivo das autarquias e o Parlamento também já tinha dito que não estava disponível para alterar a lei circunstancialmente, só de acordo com o interesse da Vinci e com o anúncio da Vinci de que era possível contornar o parecer negativo das autarquias."
Depois do chumbo, o Governo anunciou que vai realizar um processo de Avaliação Ambiental Estratégica a três soluções. Em nota enviada às redações, Joana Mortágua previne que “agora é importante garantir - e é esse o desafio que faremos daqui para a frente - que esta avaliação ambiental estratégica não está parametrizada para cumprir os interesses da Vinci, que esta avaliação ambiental estratégica compara várias localizações possíveis, tendo em conta o interesse público, o interesse das populações, o interesse da defesa do ambiente”.
A dirigente bloquista detalha ainda mais críticas à proposta de localização defendida pelo Governo: “Um aeroporto que se iria instalar numa zona urbana consolidada, com tremendas desvantagens para aquelas populações. Um aeroporto sem acesso ferroviário e, portanto, um aeroporto muito longe dos desafios do combate às alterações climáticas com que o país se comprometeu”.
Comentários
Rui Rio também quer... Montijo
Não largam o osso!
Para que o governo, vários políticos, candidatos a líderes ou autarcas se recusem a largar o osso chamado 'Portela + um' (sendo que o 'um' é a BA do Montijo), dá a entender que aí haverá muita carne saborosa escondida, capaz de proporcionar lautos banquetes a uns quantos.
É mentira que a fase inicial do NAL (Campo de Tiro de Alcochete) fosse substancialmente mais cara do que a infraestrutura equivalente do Montijo e com diversas vantagens:
. Não sobrevoar povoações a baixa altitude, com a consequente poluição sonora e atmosférica.
. Ser muito menos agressiva para o eco-sistema da foz do Tejo.
. Menos susceptível a acidentes gravíssimos, decorrentes de eventuais colisões com milhares de aves.
. Poder ser expandida quando e quanto se quisesse!
. Finalmente, permitiria depois desactivar a Portela, objectivo que fica em definitivo comprometido com o raquítico hidroporto do Montijo.
Será que por preguiça ou incompetência, acreditam que o turismo é a opção estratégica para o desenvolvimento do país? Pensarão que o número de turistas vindos do ar, passado este revés, continuará a crescer indefinidamente e que por todo o lado continuarão a arrastar milhões de malas a caminho dos 'Alojamentos Locais', até que as receitas representem 90% do PIB?!
Não lhes passará pela cabeça que Portugal daqui a uns anos poderá deixar de ser "o" destino de eleição? Houve tempos em que não esteve na moda e chegará o tempo em que deixará novamente de estar! Certinho e direitinho!
E pior: é nisto que assenta a nossa estratégia de progresso? No dinheiro que vem do céu?! É esta a ideia brilhante da governação para fazer o país sair da pobreza, com a maioria da população a viver em habitações sem protecção efectiva contra o clima, a pagar o gás ao dobro dos vizinhos espanhóis, com um hospital por construir mas anunciado desde 2017, com um interior ao abandono, sem infraestruturas ferroviárias, atrasado na digitalização e na indústria, um país dependente dos outros em quase tudo? Apostamos na investigação a sério? Somos bons em quê? Servir à mesa? Vender terras a empresas que devastam espécies autóctones para explorar agricultura intensiva? A assinar projectos de hotéis para multinacionais? Facilitar a vida a grupos que vivem de fazer e vender apartamentos de luxo para lavagem de dinheiro?
Com este remendo do "+ um", vamos ter um aterro no Montijo a entrar pelo Tejo dentro e que uma ou duas décadas depois terá de ser desmantelado com custos públicos (ou esperarão que seja a Vinci a varrer o entulho?), tendo entretanto criado todo o tipo de problemas ambientais, prejuízos para as populações e risco de desastres aéreos.
Para agravar a situação, o actual aeroporto Humberto Delgado ficará ainda maior, com mais movimento, mais ruído, mais poluição e cada vez mais encaixado entre os prédios de Lisboa, degradando a tranquilidade e a saúde dos que lá vivem ou trabalham!
É esta a caminhada que o PS (e pelos vistos o bloco-central de má memória) propõe percorrer para a descarbonização? É assim que Portugal mostra zelar pelo ambiente?
Vão desculpar-se dizendo que a concessão combinada entre o governo Passos Coelho/Paulo Portas e a ANA era 'irrevogável'?
A verdade é que preferiram pegar nesse memorando por ser o caminho mais cómodo e que agradou certamente a muitos, cedendo aos interesses dos privados. Isto revela bem o que este PS entende por socialismo.
E vêm depois com um 'faz-de-conta', absurdo e ridículo, dizer que querem aliviar o problema - que eles próprios criaram - e a que chamam cinicamente 'medidas mitigadoras', que para além de irrealizáveis nem sequer eram necessárias no projecto do NAL em Alcochete!
O governo Passos/Portas/ que nos vendeu à Troika, foi-se embora há 6 anos!
Ficaram então à espera de quê? 'Melhorar' o projecto' (!?) Mas melhorar o quê? Pintá-lo de verde? Mudá-lo 100 metros para o lado?
Não estarão antes à espera que alguma autarquia contestatária da margem Sul entretanto ceda e se torne mais uma YES-PS?
Esconderam o gato e estão a tentar que o rabo não fique de fora, mas mais cedo ou mais tarde ele vai aparecer e abanar de contentamento. Onde e quando? Basta seguir a máxima: "follow the money!".
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