Adiamento do Hospital do Oeste só favorece o negócio privado da saúde

09 de outubro 2025 - 11:42

O Bloco considera lamentável o adiamento indefinido da decisão sobre o Hospital do Oeste, anunciado por Luís Montenegro em campanha eleitoral , confirmando o que sempre tememos: que disputas entre concelhos se transformem em manobras políticas para ganhos locais. A opção por atrasar só beneficia o assalto privado ao setor da saúde.

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Carlos Ubaldo e Jorge Humberto Nogueira

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 Jorge Humberto Nogueira, candidato do Bloco à Câmara de Torres Vedras e Carlos Ubaldo, candidato do Bloco à Câmara de Caldas da Rainha.
Jorge Humberto Nogueira, candidato do Bloco à Câmara de Torres Vedras e Carlos Ubaldo, candidato do Bloco à Câmara de Caldas da Rainha.

O Bloco de Esquerda considera lamentável e estratégico o adiamento indefinido da decisão sobre o Hospital do Oeste, anunciado por Luís Montenegro em campanha eleitoral nas Caldas (6 de outubro), confirmando aquilo que sempre tememos: que as disputas entre concelhos se transformem em manobras políticas para ganhos locais. Em vez de decidir, opta-se por atrasar e isso só beneficia o assalto privado ao setor da saúde.

Durante anos, a CIM Oeste navegou na indefinição, com o PS adiando a obra por mais de uma década. Agora, o PSD quer inviabilizar o processo, levantando legítimas dúvidas sobre se existe realmente vontade de construir ou se se pretende manter o espaço para o negócio privado. O lamento do primeiro-ministro de que “as disputas concelhias dificultam a escolha” só lhe serve de álibi conveniente para postergar decisões até que convenha.

O estudo da Universidade Nova de Lisboa, encomendado pela OesteCIM, apontava o Bombarral como a localização mais equilibrada para servir toda a região, com base em critérios de distância e centralidade, mas o projeto foi entretanto sujeitado a críticas por ser incompleto ou tendencioso, com critérios demasiado redutores que ignoraram fatores sociais, geográficos e de mobilidade real.

Não defendemos que seja obrigatório que o hospital fique nas Caldas ou no Bombarral. essa é a discussão que a manter-se continuará a inquinar o processo e a dar argumentos para uma não decisão de quem deve e tem de decidir, claramente, em sede de Orçamento de Estado. O que exigimos é que o projeto seja assumido publicamente com calendário firme, que não se permita mais adiamentos eleitorais e que se garantam acessibilidades reais e modernas. A saúde pública não pode ser refém de interesses locais ou de especulação. O hospital deve ser uma obra pública concreta, integralmente assumida pelo Estado, com critérios técnicos, transparência e participação cidadã.

Este é o nosso compromisso: exigir que se construa, que se decida. A voz da população do Oeste não deve ser silenciada por jogos de poder. Saúde é direito, não mercadoria.

Uma obra essencial para um SNS robusto que sirva efetivamente a população

O Centro Hospitalar do Oeste criado em 2012 por motivos economicistas dispersou serviços por Peniche, Caldas e Torres Vedras, originando a situação atual de falta de serviços essenciais e lacunas graves nas urgências, resultando na má qualidade dos cuidados hospitalares no Oeste, empurrando as populações da região a procurar cuidados noutros hospitais do SNS ou mesmo em hospitais privados da região. A população do Oeste apresenta um elevado custo com a saúde, com especial destaque para os 237 milhões de euros anuais referentes ao custo do serviço privado, que a criação do novo Hospital poderá eliminar.

O encerramento de serviços em ambos hospitais serviu para dispersar os cuidados de saúde no território e não foi contrariado com a criação de novos serviços, como por exemplo, unidades de cuidados intensivos e cuidados intermédios, inexistentes em toda a região Oeste, com mais de 300 mil utentes.

A falta de investimento é gritante e a degradação do CHO a cada ano que passa é óbvia. Para além do encerramento de serviços, os problemas estendem-se à degradação da infraestrutura, equipamentos obsoletos e dificuldade de captar e fixar recursos humanos.

Segundo o estudo da NOVA IMS de 2022, além da redução das despesas com a saúde da população, a criação de um novo Hospital do Oeste deverá aliviar outros hospitais do SNS com redução de mais de 600 mil consultas, cerca de 93 mil episódios de urgência, cerca de 14 mil internamentos e mais de 9 mil cirurgias de ambulatório, com potencial de redução dos tempos de espera.

A defesa do novo hospital do Oeste, uma infraestrutura construída de raiz, que concentre as valências adequadas é indispensável para facilitar o acesso das populações a cuidados de saúde de qualidade. No entanto, a promessa da construção de um novo Hospital não faz desaparecer os problemas existentes que precisam de respostas, agora nas Unidades existentes, não sendo aceitável o desinvestimento verificado no SNS na região.


 


Carlos Ubaldo, candidato do Bloco à Câmara de Caldas da Rainha

Jorge Humberto Nogueira, candidato do Bloco à Câmara de Torres Vedras

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