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Açores: coligação da direita ficou "esfrangalhada", diz Bloco

Após o deputado da Iniciativa Liberal ter rompido o acordo em que dava apoio ao Governo PSD/CDS/PPM, o coordenador regional bloquista António Lima afirma que este foi mais um sinal da "governabilidade decadente" na Região.
António Lima. Foto publicada no site do Bloco/Açores

A frágil união da direita açoriana sofreu na quarta-feira um novo rombo com o anúncio do deputado único da Iniciativa Liberal do rompimento do acordo de incidência parlamentar com que o partido apoiou até agora o executivo liderado por José Manuel Bolieiro. O deputado regional liberal Nuno Barata afirmou à Antena 1 que votará a favor de uma moção de censura e contra uma eventual moção de confiança. Pouco depois foi o antigo líder do Chega nos Açores, que entretanto saiu do partido e tornou-se deputado independente, a anunciar a sua desvinculação do acordo que suporta o Governo.

Sem o apoio destes dois deputados, os três partidos que compõem o executivo contam agora apenas com o outro deputado do Chega, somando esse apoio parlamentar 27 deputados, menos do que os 28 deputados do PS, Bloco e PAN. A maioria absoluta na Assembleia Regional dos Açores conquista-se com 29 deputados.

“Assistimos em direto ao rasgar do acordo da IL com o PSD” e o acordo do Chega com os partidos da coligação “até já foi rasgado várias vezes”, assinalou o deputado do Bloco de Esquerda e coordenador regional do partido, concluindo que "esta maioria está esfrangalhada”.

Em declarações à CNN Portugal, António Lima chamou a atenção para os sinais de uma "governabilidade decadente", como o da recente demissão do Secretário Regional da Saúde por razões políticas, "em que  referiu que havia ingerências que impediam o seu trabalho e o desenvolvimento das suas políticas". Para o coordenador bloquista, estas "são acusações muito graves, que se ligam com a criação de uma estrutura de missão para a saúde que não está na tutela na saúde e que coloca sob grande fragilidade a nova Secretária Regional da Saúde". E para chefiar essa nova estrutura de missão foi nomeada "uma ex-presidente do Conselho de Administração do Hospital de Ponta Delgada que se demitiu porque quase todos os diretores de serviço se demitiram, sendo a sua administração uma das razões que provocaram essa demissão", lembrou António Lima.

Questionado sobre a eventual apresentação de uma moção de censura, António Lima diz que o Bloco "não exclui e não abdica de nenhum instrumento de que dispõe". E lembrou que "a IL diz que rasga o acordo, mas tem sido o suporte deste Governo no Parlamento: apoiou todos os Orçamentos, fez exigências que têm tido consequências sérias na Região, como a do impedimento do recurso a qualquer novo endividamento, o que numa situação de crise é absurdo. Há serviços com falta de recursos de tesouraria, há cativações de 25%. Essa é a política da IL: amarrar o Estado para entrar o mercado com toda a força em todas as áreas", concluiu o coordenador do Bloco/Açores.

O partido aponta ainda outra "trapalhada" recente do governo da direita açoriana no processo de privatização da SATA. "O governo diz que está a salvar a SATA, mas não só a companhia apresenta três anos seguidos de prejuízos enormes como acaba de ser apresentado o caderno de encargos para a privatização que não assegura postos de trabalho, nem rotas, nem sequer a permanência da empresa nos Açores no prazo de três anos", sublinha o Bloco/Açores.

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