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35 detidos em operação contra tráfico humano e exploração de imigrantes

Alberto Matos, da Solidariedade Imigrante, afirma que esta não é uma situação excecional, e que estamos perante “um negócio que dá dinheiro a muitas pessoas”. A exploração de imigrantes é a “regra” do “capitalismo transnacional”, que se norteia pela obtenção do “lucro máximo”, aponta o ativista.
Foto de Paulete Matos.

Pelo menos 35 pessoas foram detidas esta quarta-feira pela Unidade de Contraterrorismo e pelo DIAP de Lisboa por suspeita de tráfico de seres humanos, associação criminosa e branqueamento de capitais. As detenções resultam de inúmeras ações levadas a cabo no terreno, com mais de 400 inspetores da Polícia Judiciária (PJ) envolvidos em 60 buscas no Alentejo.

Em comunicado, a PJ confirmou que os detidos, com idades entre os 22 e os 58 anos, alguns de nacionalidade estrangeira, outros portuguesa, “integram uma estrutura criminosa dedicada à exploração do trabalho de cidadãos imigrantes, na sua maioria, aliciados nos seus países de origem, tais como, Roménia, Moldávia, Índia, Senegal, Paquistão, Marrocos, Argélia, entre outros, para virem trabalhar em explorações agrícolas naquela região do nosso país”.

Entre os detidos figura uma solicitadora da vila de Cuba, que viabilizou a criação de empresas fantasma e a falsificação de documentos.

Nos seus países de origem, os imigrantes foram aliciados pela promessa de uma vida melhor, que incluía casa, trabalho e salário. Chegados a Portugal, ficaram totalmente expostos a todo o tipo de abusos. Os angariadores retiveram os salários das vítimas, alegando que tinham de cobrir a dívida associada à despesa da viagem para Portugal e alojamento. Os trabalhadores foram sujeitos a sobrecarga horária, trabalhos pesados e permanentes ameaças e intimidações.

De acordo com Alberto Matos, da Solidariedade Imigrante - Associação para a Defesa dos Direitos dos Imigrantes, esta não é uma situação excecional. Estamos perante “um negócio que dá dinheiro a muitas pessoas”, frisou. Em declarações ao Esquerda.net, o ativista referiu ainda que a exploração de imigrantes é a “regra” do “capitalismo transnacional”, que se norteia pela obtenção do “lucro máximo”.

No que respeita ao elevado número de detidos, Alberto Matos aponta que as “grandes multinacionais” e os “donos disto tudo” são os que mais lucram com este negócio, e que, geralmente, entre os detidos está somente a “arraia-miúda ou média”.

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