O Bloco questionou o Ministério do Ambiente, Secretário de Estado da Energia, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Ministro da Administração Interna sobre segurança das centrais nucleares europeias e risco para as populações do país relativamente a centrais nucleares espanholas, em especial a central de Almaraz, a 100 km da fronteira portuguesa
O acidente de Fukushima, Japão, cuja gravidade já foi avaliada pelo comissário europeu para a Energia, Günther Oettinger, como “apocalíptica”, veio colocar os temas da energia nuclear no centro das discussões ambientais também aqui, em Portugal.
Neste sentido, reconhecendo que o Governo tem-se posicionado contra a instalação de centrais nucleares em Portugal, o Bloco defende que este deve, neste momento, reafirmar com força este seu compromisso para que não subsistam dúvidas. Para o Bloco, o Governo deve ainda insistir junto das instituições europeias para que se abandone o nuclear como opção energética e sejam postos definitivamente de lado os planos de prolongamento de vida útil ou construção de novas centrais nos Estados-Membros, além de exigir o reforço no curto prazo das condições de seguranças nas centrais existentes.
Além disto, o Bloco defende ainda que o Governo se posicione fortemente contra os planos nucleares da vizinha Espanha e exija o encerramento da central de Almaraz, província de Cáceres, situada junto ao rio Tejo e a pouco mais de 100 quilómetros da fronteira com Portugal, próxima dos distritos de Portalegre e Castelo Branco. Esta central deveria ter encerrado no ano de 2010, mas o governo espanhol permitiu o prolongamento por mais 10 anos do seu período de actividade.
Esta central, com dois reactores, foi construída nos anos 70 e começou a funcionar no início dos anos 80. Uma eventual explosão desta central obrigaria à “progressiva” retirada da população dos distritos de Castelo Branco e de Portalegre, conforme afirma o responsável pela protecção civil.
Europa confronta-se com a segurança das suas centrais nucleares
O governo austríaco pediu que as centrais nucleares europeias sejam sujeitas a testes de resistência, medida que parece avançar de acordo com declarações do comissário europeu para a Energia, após uma reunião dos ministros de energia ocorrida nestes últimos dias.
Países europeus fortemente nucleares estão também a redobrar atenção sobre as suas centrais: a Alemanha suspendeu por três meses a decisão de estender a vida útil das suas centrais nucleares e encerrou, pelo mesmo período, 7 centrais até que seja realizado uma inspecção que permita averiguar melhor a sua segurança, assistindo-se a protestos de dezenas de milhar de pessoas exigindo o abandono do nuclear; a Suíça travou os projectos de renovação das suas centrais; a França afirmou que iria propor uma reunião de ministros do G20 para discutir estas questões; a vizinha Espanha anunciou que irá rever o sistema de segurança de todas as suas centrais nucleares, mas sem retomar as promessas eleitorais do PSOE de abandonar o nuclear.
Em Portugal, não existe produção de energia nuclear, muito embora tenha havido já tentativas de construção de uma central em Ferrel, em 1986, abandonada devido aos protestos populares. Contudo, os defensores do nuclear e o empresário Patrick Monteiro de Barros ignoram o que se passa no Japão e continuam a insistir em instalar o nuclear, afirmando a vontade de voltar a apresentar um projecto de central.
Península Ibérica exige o fim da energia nuclear
A energia nuclear tem tido oposição das associações ambientalistas, nomeadamente em Portugal. Várias organizações de defesa do ambiente ibéricas emitiram esta semana um comunicado onde consideram que não se pode “apostar em formas de produzir energia que possam pôr em causa as gerações presentes e as futuras, seja através da exploração do urânio, da ocorrência de acidentes ou através do legado futuro em termos de desmantelamento e deposição final dos resíduos nucleares”, defendendo que o Governo espanhol deve cumprir a sua promessa eleitoral de abandonar o nuclear e que o Governo português não deve permitir o avanço do nuclear no país. Esta é uma posição partilhada pelo Bloco de Esquerda, que se solidariza com as lutas contra o nuclear.
Para esta quinta-feira está marcada uma concentração de solidariedade com o Japão e de protesto anti-nuclear. O ponto de encontro é na Embaixada do Japão (Av. Liberdade, 245), às 18h. O protesto seguirá depois para a Embaixada de Espanha (R. Salitre, 1), às 19h. O Bloco estará presente no protesto.