O Orçamento de Estado apresentado pelo PS, que lhe valeu elogios de muitos sectores de direita por “ser o mais à esquerda de sempre” – Marques Mendes dixit, merece ser analisado mais profundamente. Vamos à saúde.
Esta é a verdadeira realidade deste orçamento para 2022: milhares de milhões para o capital financeiro e uma esmola de caridadezinha para o povo trabalhador.
Arnaut e Semedo tinham proposto “o tempo completo e a dedicação exclusiva como regime de trabalho dos profissionais do SNS”, mas o PS só aceitou “a dedicação plena como regime de trabalho dos profissionais de saúde”. Nada de exclusividade. A diferença de palavras até escondia o que viria depois.
O Governo pede à Esquerda que aceite a inevitabilidade da permanência das leis da troika no país. Em troca, oferece apenas intransigência e a ameaça de uma crise política.
A crise energética exige uma resposta dupla: contenção dos preços que comprimem ainda mais os salários baixos e transição energética que diminua a dependência da energia fóssil e baixe o consumo de energia. É a esta resposta que o Governo falta.
O Governo tem dito e repetido que o Orçamento que propôs é um bom orçamento. A narrativa tem apenas um problema: é que tirando o Governo (e, claro, o PS) ninguém partilha da mesma. Na Saúde, a desilusão é geral. E não é para menos.
No debate de um Orçamento os números têm de confirmar as afirmações políticas. Este orçamento não bate certo com os anúncios do Governo e menos ainda com as necessidades do SNS.