Nas vésperas de um presidente de extrema-direita voltar a assumir o poder nos Estados Unidos, olhamos para o trumpismo e o que se pode perspetivar, interna e externamente, para o futuro da superpotência mundial. Dossier organizado por Carlos Carujo.
O trumpismo existe para além de Trump e tem diversas componentes. E, para o compreender, é preciso também analisar o impacto da esquerda no país ao longo das últimas décadas.
Preparado pelo think-tank Heritage Foundation, o documento prevê a substituição de dezenas de milhares de funcionários federais por outros leais a Trump e dispostos a executar a sua agenda. Entra agora na Casa Branca pelas mãos de Russell Vought.
Trump pretende reduzir impostos aos mais ricos, mais protecionismo e guerras aduaneiras e deportar milhões de migrantes. É difícil de prever o que concretizará. Mas avizinha-se um período com muitas turbulências económicas.
Para além da guerra comercial com o México poder levar ao aumento do fluxo migratório para os EUA, a ideia das deportações em massa também é um potencial desastre também para a economia norte-americana.
No primeiro mandato, Trump enfrentou as manifestações de milhões de mulheres e do Black Lives Matter. Nos últimos anos, houve greves impressionantes e estudantes de dezenas de campus enfrentam repressão para exigir fim da guerra genocida contra Gaza. Exemplos da ação necessária para lutar contra o trumpismo e a classe dominante.
Além de ter escolhido um secretário de Estado anti-vacinas, o futuro presidente planeia desfinanciar o Obamacare, abrir ainda mais espaço para as empresas na saúde e dificultar o acesso ao aborto.
Trump será certamente mau para o clima, para a democracia americana, para as mulheres e para as minorias. Quanto ao resto, só podemos especular. Na política externa os seus instintos são isolacionistas mas a imprevisibilidade é a sua marca.
O tema subjacente à política externa dos EUA continua a ser um consenso das elites. Na sua utilização da maquinaria do império americano e da ideologia da primazia perpétua, Trump partilha muito com os seus antecessores. Máximo poder, máxima pressão – sem ilusões consoladoras.
Benjamin Netanyahu aguardava ansiosamente a vitória de Trump e fez tudo o que podia para contribuir para ela. O que é que nos espera agora que o regresso de Trump à Casa Branca está confirmado?
Biden e Harris gabavam-se de uma economia americana vibrante. Um número suficiente de eleitores não estava convencido da mensagem por considerarem estar a perder devido a preços elevados e empregos precários, enquanto os ricos e instruídos de Wall Street e das mega empresas de alta tecnologia ganham milhares de milhões.
Bernie Sanders atacou os “grandes interesses financeiros e os consultores bem pagos” do Partido Democrata que abandonaram os eleitores da classe trabalhadora. Bernie estava a constatar uma verdade óbvia - uma verdade que os líderes democratas parecem decididos a ignorar.
Para conquistar os eleitores da classe trabalhadora os democratas precisavam de atacar as elites económicas. Mas a campanha de Kamala Harris não ofereceu consistentemente um contraponto anti-elite ao populismo de direita de Donald Trump.
Donald Trump venceu Harris nas eleições estadunidenses, tornando-se o primeiro cidadão condenado criminalmente a exercer o cargo. Dirigente do Bloco de Esquerda diz que extrema-direita vai agravar as más políticas de Joe Biden e favorecer Netanyahu e Putin.
Depois de ter centrado a sua campanha nos imigrantes, o ex-presidente ataca agora a “esquerda lunática” e insinua que pode lançar o exército contra tal “inimigo interno”. Mas para ele a esquerda radical são os políticos mainstream democratas.
Preparado pelo think-tank Heritage Foundation, o documento prevê a substituição de dezenas de milhares de funcionários federais por outros leais a Trump e dispostos a executar a sua agenda.
Antes de Donald Trump chegar à Casa Branca em 2016, Hugo Soares dizia que votaria em qualquer pessoa que lhe fizesse frente. Agora diz que não consegue escolher entre Trump e Kamala Harris.