Chile: Golpe de Estado 11 setembro 1973

No dia 11 de setembro assinala-se o cinquentenário do golpe militar que derrubou o governo de Salvador Allende e abriu caminho a 17 anos de ditadura violenta de Pinochet, alimentada pela cartilha económica neoliberal. Dossier organizado por Mariana Carneiro.

O golpe militar que derrubou, em 11 de setembro de 1973, o governo da Unidade Popular, esmagou de forma trágica uma aposta na via pacífica e legal para o socialismo. Até ao último dia, o presidente Salvador Allende acreditou que as concessões que fizera à direita e aos militares seriam suficientes para evitar um golpe de Estado. Enganou-se. Por Waldo Mermelstein.

Fugindo da repressão dos ditadores brasileiros depois do golpe militar de 1964, o jovem Waldo Mermelstein, então com 18 anos, foi para Santiago do Chile estudar economia e engajou-se intensamente nas lutas sociais, militando no MIR. Aqui, o seu relato do dia 11 e seguintes. Por Waldo Mermelstein.

O governo de Allende tinha um ambiciosos programa, que passava por reforma agrária e nacionalizações. As minas de cobre, que representavam 80% das receitas de exportação do país, figuravam nessa lista. As massas trabalhadoras e camponesas mobilizaram-se para que o programa fosse aplicado. Por Waldo Mermelstein.

Em vez de se apoiarem na mobilização para encurralar e derrotar a direita e os militares, os dirigentes da UP optaram pelo caminho da conciliação. Quando o lock-out dos camionistas, promovido pelos golpistas, foi derrotado, Allende concluiu um acordo com a DC para incluir os comandantes das Forças Armadas no gabinete. O golpe ocorreu pouco depois. Por Waldo Mermelstein.

Revolução e contrarrevolução enfrentavam-se nas ruas, fábricas campos e minas do país. Diante disto, a UP ficou na metade do caminho, tentando desesperadamente conter o movimento que de certa forma provocou e que a ultrapassou completamente. Por Waldo Mermelstein.

Com o golpe contra Salvador Allende, foi imposto um modelo económico contrário aos interesses das classes populares. O famoso "milagre" económico baseado nas privatizações revelou-se um verdadeiro inferno. Por Eric Toussaint e Roberto González Amador.

As tentativas dos militares legalistas de impedir que as Forças Armadas transgredissem o governo em 1973 levantam a questão do reconhecimento histórico: quem agiu corretamente em 1973? Os golpistas ou os legalistas? Por Jorge Magasich Airola.

A 11 de setembro de 1973, um golpe militar apoiado pelos EUA encerrou a experiência socialista no Chile – e a vida do presidente Salvador Allende. Durante esse período, a gigante das telecomunicações norte-americana ITT desempenhou um papel obscuro na desestabilização do governo. E abriu caminho para os atuais mastodontes do Vale do Silício. Por

O escritor bielorusso Evgeny Morozov, criador da série em podcast The Santiago Boys, fala sobre as implicações políticas e sociais do progresso tecnológico e digital promovido por Salvador Allende.

A 5 de setembro de 1973, a Coordenação Provincial de Cordões Industriais enviou uma carta ao Presidente da Unidade Popular, Salvador Allende. Nele, exigem medidas urgentes para evitar um golpe e uma ditadura militar.

Às 7h40, o presidente Allende entra no Palácio de La Moneda. Às 11h55 inicia-se o bombardeamento liderado pelos militares. Allende recusa a oferta de exílio e combate ao lado da sua guarda e colaboradores, e faz seu último discurso pela rádio Magallanes às 10h10.

Documentário “11 de Septiembre de 1973 - El ultimo combate de Salvador Allende”, de Patricio Henríquez.

Desta vez não se tratava de trocar um presidente, seria o povo chileno, organizado e politizado, que estava disposto a construir um Chile bem diferente. Uma cultura popular explodia com uma radicalidade. E se a esquerda abraçou o povo e seus anseios, o povo abraçou as bandeiras da esquerda e o socialismo tornou-se um fenómeno de massa. Por Mauro Iasi.

O seu confronto com o cinismo neoliberal, que procura despojar os cidadãos dos seus direitos e da sua dignidade, assinou a sua sentença de morte. Artigo do escritor chileno Luís Sepúlveda, publicado em 11 de setembro de 2008

Há quatro décadas os altos comandos das Forças Armadas cometeram graves delitos de sublevação e rebelião ao derrubar um governo legalmente constituído e suspender a Constituição. Paralelamente instauraram um regime ditatorial com uma feroz repressão. Nem os executores do golpe nem os civis com que conjuraram foram julgados, até agora reina a impunidade. Por Víctor Hugo de la Fuente.