REN: Contratação de novos directores em 2011 é “inaceitável”

22 de fevereiro 2011 - 14:17

Francisco Louçã, que reuniu esta segunda-feira com a Comissão de Trabalhadores da REN, afirmou que a contratação de oito directores na REN em 2011 é uma situação “paradoxal e inaceitável”, considerando ainda que a privatização da empresa trará prejuízos para o Estado.

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No primeiro PEC, aprovado com o apoio do PSD, o Governo prevê a privatização da Rede Eléctrica Nacional.

“O Bloco tem-se oposto à privatização desta empresa, muito em especial. É uma empresa que dá lucro e a sua privatização quer dizer maior prejuízo para o Estado, maior défice para o Estado. Mas chamamos também a atenção para a forma como os cortes salariais estão a ser feitos: nesta empresa foram admitidos oito novos directores, num dos casos com um salário acima de 8 mil euros por mês, já em Fevereiro, quando já estão em vigor os cortes salariais para tantos trabalhadores”, disse.

O coordenador da comissão política do Bloco, que falava aos jornalistas no Parlamento após uma audiência com a comissão de trabalhadores da REN - Redes Energéticas Nacionais, considerou que estas contratações configuram “uma situação paradoxal, arbitrária e inaceitável, que faz com que os trabalhadores com menores salários deduzam todos os meses e sejam os mais fortemente atingidos e aqueles que estão fora do acordo colectivo de trabalho e fazem parte das chefias não são ou são marginalmente atingidos pelos cortes”.

Esta reunião com os trabalhadores da REN surge no encalço das recentes declarações do Ministro da Economia, Vieira as Silva, que sublinham a decisão do Governo em privatizar a empresa.

“O Bloco não aceita que seja posto em causa o interesse público, a defesa dos direitos dos trabalhadores e a seriedade de uma economia que tem de olhar para a recessão e para os problemas económicos com vontade de os resolver”, referiu Louçã.

Já em Junho de 2010 o Bloco apresentou um projecto de resolução que recomendava ao Governo a suspensão da privatização da REN, prevista no primeiro PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento.

Por seu turno, João Gonçalves, da Comissão de Trabalhadores, adiantou aos jornalistas que os funcionários da empresa “não concordam” com a aplicação do Orçamento e referiu que a administração não fornece informação sobre o processo de privatização.

“Governo está a corrigir Orçamento provocando uma recessão”

O Governo está “a corrigir o Orçamento provocando uma recessão”, disse Louçã sublinhando que a moção de censura dos bloquistas é “necessária” para dar “prioridade” à criação de emprego e combater a precariedade.

“O aumento dos impostos puxou a execução orçamental e naturalmente o corte dos salários é o que reduz a despesa do Estado, o Estado, portanto, está a corrigir o Orçamento provocando uma recessão e o Governo empenha-se neste ataque ao salário e ao emprego”, afirmou o dirigente do Bloco, lembrando os mais de 700 mil trabalhadores no desemprego.

“Se a política orçamental não serve para corrigir esta situação, esta urgência, então bem se percebe porque é que a moção de censura que o Bloco apresentou é tão necessária para dizer que nós temos de puxar por este país, por uma alternativa que tenha uma única prioridade essencial, ajudar à criação de emprego e o fim da precariedade”, referiu.

Questionado sobre o facto de alguns partidos terem manifestado insatisfação quanto à redução da despesa alcançada, Louçã respondeu com ironia, numa referência implícita ao CDS-PP: “Há partidos que compraram submarinos e querem reduzir a despesa, tendo aumentado a despesa em mil milhões de euros, mas a redução da despesa que está a ocorrer é por causa da redução dos salários e essa redução da despesa prejudica esse trabalhador e todo o país”.

 

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