OE'2011: “Acordo PS/PSD apenas trará mais recessão e mais impostos para quem trabalha”

26 de outubro 2010 - 11:37

Em Braga, esta segunda-feira, Francisco Louçã disse que o provável acordo entre o PS e o PSD vai, apenas, “trazer recessão à economia e mais impostos para os trabalhadores, as classes médias e as PME”.

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Francisco Louçã realizou uma conferência na Universidade do Minho sobre o tema “O PEC e a Crise”, durante a qual apelou aos professores, funcionários e alunos a participar na Greve Geral de 24 de Novembro. Foto LUSA/Hugo Delgado

Em declarações à Lusa, o deputado e coordenador da Comissão Política do Bloco alertou que, se o Orçamento do Estado para 2011 for alvo de acordo entre os dois partidos, a situação da economia portuguesa e a vida do dia-a-dia dos cidadãos “vão ser ainda piores do que em 2010”.

“Está à vista que vai haver acordo, até porque há quem tenha exigido, nomeadamente o capital financeiro português e europeu, ao Governo e ao PSD que o concluam”, afirmou, dizendo nada esperar de bom das negociações.

Francisco Louçã falava aos jornalistas no final da conferência que deu a alunos da Universidade do Minho sobre o tema «O PEC e a crise», e durante a qual apelou aos professores, funcionários e alunos da Universidade do Minho que participem na Greve Geral marcada para 24 de Novembro.

Louçã defendeu que era possível “uma outra política orçamental e económica”, pensada, desde logo, “por um combate exigente ao despesismo e aos desperdícios do Estado, mas olhando para quem tem e não paga e não apenas para aqueles que todos os dias já pagam impostos”.

Na sua opinião, o ataque ao défice das contas públicas não pode ser feito à custa dos direitos das pessoas, cortando na educação, na saúde, na segurança social e aumentando o preço dos medicamentos: “apresentámos 15 medidas concretas de diminuição do défice que passam pelo controlo da despesa e pelo lado da receita fiscal, pondo, por exemplo, os bancos a pagar o IRC que lhes é devido”, disse.

Louçã defendeu também que nem todos os economistas têm, como acontece com a tendência dominante na comunicação social portuguesa, a visão de que “o défice está antes dos direitos sociais e da economia real”, para lamentar que haja, actualmente, bancos e outros especuladores financeiros que “vão buscar dinheiro ao Banco Central Europeu com um por cento de juro e o vendem ao Estado, comprando títulos da dívida pública a seis por cento”.

“Quem lucra com isto?”, perguntou, considerando que tal margem de lucro, “sem que o especulador tenha de mexer uma palha a não ser dar uma ordem a um computador, é escandalosa”.

Francisco Louçã criticou, ainda, as propostas que vão ser debatidas no próximo Conselho Europeu da União Europeia, no sentido de retirar direitos - incluindo o de voto - a países com problemas orçamentais, como é o caso de Portugal, considerando que tal “põe em causa os fundamentos da UE e apenas serve os interesses do capital financeiro internacional, prejudicando os países da Europa do sul”.

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