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Braga: Doentes de cancro estão há 15 dias sem medicação

O Hospital de Braga, gerido por uma Parceria Público-Privada com o grupo Mello, está a negar medicação a doentes cancerosos em regime ambulatório. O Bloco já tinha denunciado a situação em junho e em outubro, mas tanto o Hospital como o ministro ignoraram os alertas.
PPP do Grupo Mello no Hospital de Braga corta na medicação aos doentes cancerosos. Foto Thirteen Of Clubs/Flickr

O Jornal de Notícias traz à manchete desta quinta-feira a notícia de que o hospital de Braga está "sem remédios para doentes com cancro". A situação não é nova no hospital gerido em parceria com o Grupo Mello, mas esta quarta-feira a esposa de um doente a quem recusaram medicação apresentou queixa no próprio Hospital. 

"O meu marido tem que fazer o tratamento durante sete semanas consecutivas. Contudo, há duas semanas que não faz tratamento porque o Hospital de Braga não tem a medicação de que ele precisa", disse Maria Luísa Pereira ao Jornal de Notícias. O marido, Paulo Marques, foi operado em dezembro e ao fim das sete semanas deveria ser novamente internado para novos exames que decidiriam a continuidade do tratamento em ambulatório. Mas "há duas semanas que ninguém nos diz nada", afirma Maria Luísa, que contactou o médico do marido, mas ele desconhecia que o tratamento não estava a decorrer ou qualquer falta de medicamentos.   

O medicamento para o tratamento custa 100 euros por semana e esta família, que ainda na semana passada perdeu o filho único, vítima aos 7 anos de doença degenerativa grave e incurável, pondera agora recorrer a outro hospital. "Se o Hospital de Braga não tem 100 euros para tratar um doente, nem quero imaginar como são tratadas as pessoas que sofrem de doenças mais caras", conclui Maria Luísa Pereira.

Bloco já tinha dado o alerta em junho, Paulo Macedo ignorou

A 26 de outubro de 2012, o deputado João Semedo alertou o Governo para a situação, pedindo esclarecimentos urgentes para o facto de o hospital de Braga estar "a iniciar tardiamente tratamentos de quimioterapia e por vezes a interromper a terapêutica por falta de medicamentos em stock". E acrescentava que havia situações, também nos casos oncológicos "em que a medicação recomendada será substituída por outra apenas por ser barata". Apesar de existir um prazo legal obrigatório para responder aos deputados, o ministro não respondeu às perguntas e o Bloco insistiu de novo em dezembro, repetindo a denúncia e a exigência de explicações. Paulo Macedo manteve o silêncio, que ainda hoje continua.

O deputado bloquista lembrava que já em junho pedira explicações sobre "a não disponibilização no Hospital de Braga de tratamento intravenoso a uma pessoa com doença oncológica". E reclamou por parte do gestor do contrato da PPP, Luís Matos, o terceiro a ser nomeado pela Administração Regional de Saúde do Norte, a elaboração de um relatório sobre a administração de tratamentos e medicamentos a doentes oncológicos no Hospital de Braga

Em relação a este caso, a resposta do Governo veio um mês depois, mas apenas para dizer que contactou a gestão da PPP do Hospital de Braga e que estes não conseguiram identificar a situação referida pelo deputado bloquista.

Já este ano, João Semedo voltou a questionar o ministro Paulo Macedo sobre a recusa de medicação a um doente com artrite reumatóide. O doente tinha reclamado no hospital e em resposta recebeu apenas uma caneta de Adalimumab, quando a receita dizia uma caixa (duas canetas). "Ou seja, o Hospital de Braga violou a caixa e disponibilizou a esta pessoa apenas uma caneta do medicamento", denunciou o coordenador bloquista.

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