As manifestações convocadas pela CGTP para Lisboa e Porto reuniram mais de 65 mil pessoas, segundo informou a intersindical. A denúncia do "acordo de traição" com a troika e a necessidade de contrariar o argumento de inevitabilidade e de encontrar alternativas que assegurem o combate ao desemprego e a promoção do crescimento económico motivaram estas iniciativas.
Em Lisboa a manifestação saiu do Largo do Calvário por volta das 15h30, tendo sido encabeçada por diversos dirigentes da CGTP, como Carvalho da Silva, e reunido cerca de 50 mil pessoas.
Nos jardins de Belém, o secretário-geral da intersindical lembrou que "a União Europeia, PS, PSD, CDS e o Presidente da República [Cavaco Silva] estão determinados” em impor os acordos firmados com a troika.
Carvalho da Silva defendeu que as medidas propostas não são inevitáveis e que o que a troika propõe é, “objectivamente, um programa político ao serviço dos grandes accionistas de grupos económicos e financeiros, nacionais e internacionais". O dirigente sindical lembrou ainda quais foram as consequências das medidas de austeridade imposta pela troika na Grécia, que conduziram esse país para uma maior recessão, o aumento do desemprego e da pobreza e da própria dívida
No Porto, os protestos foram agendados para as 15h e contaram com a presença de cerca de 15 mil pessoas.
João Torres, membro da Comissão Executiva da CGTP-IN, em declarações à Lusa, afirmou que os manifestantes estariam ali “para denunciar este acordo de traição que foi processado nas costas do nosso povo e ainda por cima depois de saberem quais são os resultados de acordos semelhantes feitos com a Grécia".
Propostas de Merkel fariam o país “regredir ao século XIX”
A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Aiveca participou na manifestação da CGTP e sublinhou a importância desta iniciativa num momento crucial para o país.
Mariana Aiveca referiu-se igualmente às declarações proferidas pela chanceler Angela Merkel, que defendeu que a idade da reforma deveria ser homogeneizada na União Europeia, fixando-se nos 67 anos, e que deveria ser reduzido o período de férias atribuído aos trabalhadores.
A deputada do Bloco condenou a ingerência de Merkel e afirmou que estas medidas fariam o país regredir ao século XIX.