Carvalho da Silva e João Proença na Autoeuropa confiantes no êxito da greve

24 de November 2010 - 9:13

Os líderes da CGTP-IN e da UGT estiveram esta manhã na Autoeuropa, que está completamente paralisada, e afirmaram-se confiantes no êxito da greve geral, acreditando que a mesma vai contribuir para mudar o rumo da política nacional. O sector dos transportes não desmente isso, a adesão à greve é em força.

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António Chora, da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, informou que a fábrica está completamente paralisada. "Não irá ser produzido nenhum carro", disse ainda.

“Estamos aqui na principal unidade privada industrial do país, não haverá produção e essa é também a situação geral no parque industrial da Autoeuropa”, disse Carvalho da Silva, reafirmando a convicção no êxito da greve geral. O líder da CGTP destacou também a paralisação dos trabalhadores do sector portuário que, segundo disse, levou ao encerramento de todos os portos nacionais, bem como a grande adesão à greve no sector ferroviário, na Soflusa (barcos do Barreiro) e em muitas câmaras municipais e na área da saúde.

Carvalho da Silva considera que a greve geral representa um contributo decisivo para relançar a discussão sobre o salário mínimo nacional e para a reposição de alguns direitos a camadas de trabalhadores e população “que foram colocados em situação de pobreza e de miséria» e ainda para lançar «uma dinâmica de desenvolvimento produtivo”.

Por sua vez, o líder da UGT, João Proença justificou a greve geral com a necessidade de políticas diferentes que correspondam às necessidades de emprego no país. “Neste momento, há uma política errada que pede demasiados sacrifícios aos trabalhadores deixando de fora muitos que poderiam pagar muito mais. Hoje temos necessidade de combater o défice - é indispensável - sob pena de termos aí o FMI”, afirmou João Proença.

“Não podem ser só os trabalhadores a pagar a factura e, por outro lado, estas políticas de combate ao défice afundam o país e não vamos a lado nenhum”, adiantou.

Transportes aderem em força à greve geral

É no sector dos transportes que a greve geral está a ter mais adesão, com apenas 23% dos comboios da CP a circular, o Metro de Lisboa parado e as ligações da Soflusa e Transtejo com uma adesão à greve superior a 80%.

O Metro de Lisboa está encerrado e o do Porto está a garantir apenas o funcionamento da Linha Amarela (D), que faz ligação entre o Hospital de São João e Dom João II, em Gaia.

Entre as 0h e as 6h foram suprimidos 77% dos comboios normalmente previstos pela CP, na sua maioria em grandes centros urbanos. A Carris tinha, pelas 06:15h, cerca de 40% dos serviços de transporte programados em funcionamento, adiantou à agência Lusa fonte oficial da empresa.

Ao início da manhã desta quarta-feira, dia de greve geral, não havia nenhum barco da Transtejo a fazer a ligação entre Cacilhas e Lisboa. “A actividade está parada a 100 por cento" e "até às 8h os navios que deveriam entrar não o vão fazer”, disse à TSF José Augusto Oliveira, dirigente sindical da Transtejo.

A Soflusa, que liga o Barreiro à capital, só garante serviços mínimos nas horas de ponta.

As ligações fluviais entre Lisboa e a margem Sul estavam afectadas, pelas 6h, em 83 por cento nos barcos da Soflusa e 84 por cento nas travessias da Transtejo, indicou fonte oficial da empresa.

Quinze comboios regionais, dois inter-cidades e um alfa pendular entre Lisboa e Porto foram hoje suprimidos devido à greve geral, segundo o balanço das 20h divulgado pela CP.

Nas 57 ligações suprimidas, três pertenciam aos serviços mínimos (dois no Porto e um em Lisboa). Dois não partiram porque as tripulações não aceitaram seguir viagem e um, na estação de São Bento, no Porto, porque um piquete de greve não deixou o comboio avançar.

Confrontos em Cabo Ruivo, durante esta, madrugada, entre a polícia e o piquete de greve dos CTT

A União dos Sindicatos de Lisboa diz em comunicado que afirma que os “trabalhadores dos CTT em Cabo Ruivo, Lisboa, estão hoje em greve constituindo um piquete de greve nestas instalações, estando a ser alvo de agressões por parte da Polícia de Intervenção”, que tenta desmentir o sucedido. Segundo o sindicato, a greve na central dos CTT em cabo Ruivo regista uma adesão de 96 por cento.

José Oliveira, do secretariado permanente do Sindicato Nacional dos Correios e Telecomunicações, explicou que o piquete de greve é constituído por cerca de “60 elementos, enquanto que a polícia tem no local cerca de 80 elementos que estão a cumprir as ordens dos senhores que estão sentados na administração dos correios”. “Já houve carga policial, uns empurrões ao piquete de greve”, sublinhou José Oliveira, ao salientar que o piquete está no local para “tentar impedir a entrada ou saída de camiões de empresas que trabalham para os CTT e que estão a transportar correio para as estações quando esse trabalho é habitualmente feito por funcionários dos correios”.

O mesmo responsável sindical garantiu que os "trabalhadores dos CTT que não aderiram à greve estão a entrar e a sair das instalações sem qualquer problema porque ninguém os pode obrigar a aderir ao protesto".

"Mas os CTT estarem a utilizar empresas privadas que habitualmente não realizam esta tarefa é ilegal porque estão a substituir trabalhadores em greve", acrescentou.