Buraco no BPN já vai em 1800 milhões de euros

04 de February 2009 - 11:28
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Foto Alessandro Silipo/Flickr

As perdas detectadas até agora no Banco Português de Negócios somam já 1800 milhões de euros, mais do dobro do que previa a auditoria realizada em 2008. Só até ao mês passado, a Caixa Geral de Depósitos já gastou 1400 milhões com este banco que foi o centro duma fraude financeira gigantesca nos últimos anos.

Uma das razões apontadas por Norberto Rosa, actual vice-presidente do BPN, para que o buraco revelado esta terça-feira na comissão parlamentar seja muito superior ao registado na auditoria da Deloitte é que ele já reflecte os créditos verificados no  BPN IFI , BPN Cayman,e Banco Insular. Só nos dois últimos foram contabilizados 550 milhões de perdas.



O administrador do BPN, que foi secretário de Estado de Manuela Ferreira Leite, disse à comissão que "o Banco Insular era um instrumento utilizado para claramente não cumprir a legislação" e que "uma parte significativa da actividade do BPN não era explicitada nas suas contas".



A situação negativa em que o banco se encontra, leva-o a não admitir a hipótese de pagar quaisquer indemnizações aos anteriores administradores do banco e accionistas do banco, uma vez que "com a nacionalização deixaram de o ser".



Norberto Rosa diz ainda que "manter o BPN por si só não é viável economicamente", já que "todos os indicadores de produtividade e eficiência estão muito abaixo do benchmarking normal". Mas Francisco Bandeira, o actual presidente do Banco e vice-presidente da CGD diz que existem candidatos à compra do banco, entre os quais a própria Caixa e bancos nacionais e estrangeiros.



O deputado bloquista João Semedo participou na reunião da comissão parlamentar e destacou nos depoimentos destes responsáveis "a verdadeira dimensão das irregularidades praticadas no BPN que agora se começam a conhecer e que ajudam a identificar com maior nitidez o esquema fraudulento em que o BPN viveu nos últimos anos".  Por outro lado, diz que "ao ser revelado que o BPN praticou operações em 94 off shores, fica novamente demonstrado que as off-shores se atravessam sempre em todas as práticas de fraude financeira". O deputado do Bloco diz ainda que com a informação que existe "não é possível acreditar que Oliveira e Costa tenha agido sozinho".



Semedo sublinha ainda algumas novidades trazidas à comissão, como a de que o racio de crédito mal parado atinge os dois digitos, e que entre estes créditos por cumprir aparecem as empresas do libanês el-Assir. Soube-se ainda que metade do crédito concedido pelo BPN refere-se a apenas 2% dos seus clientes e que no período anterior à nacionalização foram levantados 640 milhões de euros do banco.