Bloco afirma: é preciso mais respeito pelos imigrantes

21 de April 2008 - 10:54
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Braima Mané, convívio do BE na Qta da Fonte, Loures - Foto de Paulete MatosFrancisco Louçã criticou o governo Sócrates por adoptar "políticas paternalistas que têm causado sentimentos de hostilidade e desconfiança em relação aos imigrantes", sublinhando que é preciso "mais respeito pelos imigrantes". O coordenador da Comissão Política do BE fez estas declarações num almoço que juntou no Domingo mais de 70 pessoas, na sua maioria imigrantes, no bairro da Quinta do Mocho em Loures, onde intervieram também Braima Mané, Mariana Djaló e a deputada Helena Pinto.

Louçã criticou também a burocracia, considerando-a o principal entrave à legalização dos imigrantes e à sua rápida adaptação ao país de acolhimento e alertou que as alterações que o Governo quer fazer ao Código de Trabalho vão aumentar a precarização da vida dos imigrantes.

Mariana Djaló fez notar a importância do convívio e a participação das pessoas do bairro no Bloco e na luta pela resolução dos seus problemas. Braima Mané acusou as políticas de abandono dos bairros pobres e de imigrantes, as políticas dos guetos, e valorizou o movimento popular que no bairro já recolheu mais de mil assinaturas para entregar na Câmara de Loures, solicitando a melhoria e reparação das habitações, a higiene do bairro e recusando a expulsão de famílias, quando há casas vazias ao abandono. Numa crítica indirecta a Luís Filipe Menezes, que recentemente visitou o bairro, Braima disse: "nós estamos cá todos os dias", "não vimos cá fazer promessas e abandonamos duas semanas depois". Braima Mané terminou a sua intervenção apelando à filiação dos imigrantes no BE.

Helena Pinto recordou o desrespeito pelos imigrantes traduzido, por exemplo, em recentes agressões policiais a moradores que motivaram a intervenção do BE no parlamento e a abertura de um inquérito, mostrou a sua indignação perante o desprezo a que as crianças são votadas, pois a ausência de transportes públicos no bairro obriga-as a caminhadas de quase um quilómetro em quaisquer condições climáticas. A deputada focou ainda as políticas urbanísticas e o não desdobramento familiar no âmbito do PER.

O almoço e convívio foi animado pela música (rap, música africana, danças), teve comidas portuguesas e africanas, confeccionadas militantemente e, após um animado debate, terminou com novas filiações no Bloco.