“A Europa está a mobilizar-se ao lado da Itália, mas nem sempre foi assim.” É assim que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reconhece os erros da resposta europeia à crise provocada pela pandemia do covid-19 numa carta aberta publicada no La Repubblica.
Von der Leyen reconhece que “nos primeiros dias da crise, face à necessidade de uma resposta europeia comum, pensámos excessivamente apenas nos nossos próprios problemas”, admitindo que os erros da União Europeia “podiam ter sido evitados”. A presidente da Comissão defende que nas últimas semanas esta atitude tem mudado e que a Europa tem vindo a construir a resposta coordenada necessária para enfrentar a crise. Von der Leyen sublinha o novo programa europeu de garantia de subsídios de desemprego, o SURE, anunciado na quarta feira, no valor de 100 mil milhões de euros, que permitirá apoiar as empresas afetadas e ajudar os trabalhadores durante a crise.
“As decisões que tomamos hoje serão recordadas durante anos”, lembra Von der Leyen, concluindo que a solidariedade é necessária para responder à pandemia. A carta surge depois de o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, ter reconhecido o erro na atitude inicial do seu governo, acusado de ter reagido com indiferença às dificuldades enfrentadas em Espanha ou Itália.
Num debate parlamentar, Rutte voltou a afirmar que se opõe a soluções como a emissão de coronabonds ou o recurso ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), mas surpreendeu ao dizer que a Holanda prefere uma “oferta” aos países do Sul, que não inclua endividamento: “Se o fizermos pelo MEE, trata-se de um empréstimo e terá de ser pago de volta. Mas se o fizermos como uma oferta, estamos a dizer: vocês foram afetados pela crise, mas em conjunto com os países mais ricos, estamos preparados para suportar os custos diretos da crise do coronavírus.” Trata-se de uma mudança em relação à posição hostil adotada na reunião do Conselho Europeu na semana passada.
Não é uma montanha de dívida que vai resolver esta crise. Mas também não é a caridade às migalhas. A solução é usar o financiamento monetário do BCE, como estão a fazer outras economias abundantemente, vencendo a histórica oposição de Holanda e Alemanha .
https://t.co/yWHZDw1Iiu— José Gusmão (@joseggusmao) April 2, 2020