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Salvini quer abrir igrejas na Páscoa, Igreja discorda

O líder da extrema-direita tentava seduzir os setores mais conservadores da Igreja. A Conferência Episcopal italiana apela, pelo contrário, à responsabilidade.
Salvini no Parlamento Europeu em 2017. Foto: Parlamento Europeu/Flickr.
Salvini no Parlamento Europeu em 2017. Foto: Parlamento Europeu/Flickr.

No domingo passado, Matteo Salvini, dirigente do partido de extrema-direita, A Liga, defendeu que as igrejas deviam abrir as suas portas para as cerimónias da Páscoa. A justificação do ex-vice-primeiro-ministro italiano foi que “a ciência por si só não chega” para combater a Covid-19. Será precisa a intervenção do “bom Deus” e “a proteção do Imaculado Coração de Maria”.

Num dos países mais atingido pela pandemia do novo coronavírus, Salvini procurava assim explorar o sentimento dos setores mais conservadores da Igreja, alguns dos quais tinham criticado anteriormente a suspensão de cerimónias religiosas.

Contudo, a Conferência Episcopal italiano manifestou posição oposta. O seu presidente, o cardeal Gualtiero Basetti deu uma entrevista ao Corriere della Sera na qual explicitou que este “momento é de responsabilidade e vamos a ver quem é capaz de demonstrá-lo”. De acordo com o líder religioso, celebrar “a semana santa desta maneira, sem o contributo dos fiéis” não é equivalente a “renunciar a viver estes dias plenamente”. Para este, “a impossibilidade de assistir às missas da Páscoa este ano é um ato de generosidade. É nosso dever respeitar aqueles que, numa emergência, estão na linha da frente com grande risco para a sua segurança”.

O apelo de Salvini foi criticado por várias forças políticas. O presidente da Câmara de Milão, Giuseppe Sala, por exemplo, do Partido Democrático, social-liberal, também se manifestou contrário a uma medida deste género. Aliás, desafiou Salvini a propô-la nas regiões onde governa: “se realmente deseja reabrir as igrejas como diz, se o que afirma não é só uma manchete de jornal, é é preciso fazer uma coisa muito clara: pedir à Lombardia ou a Veneto para assinar essa ordem. Caso contrário, são só palavras.”

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