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Protestos catalães continuam com manifestações e cortes de estradas

Esta quinta-feira, os estudantes encheram as ruas de Barcelona, muitas delas ainda intransitáveis devido aos destroços dos confrontos da madrugada. O presidente do governo catalão surpreendeu adversários e aliados ao propor um novo referendo até ao final da legislatura.
estidantes manifestaram-se esta quinta-feira em Barcelona. Foto Sergi Alcazar/El Nacional

Depois de uma madrugada com confrontos e barricadas a arder nas ruas de Barcelona, foram os estudantes a dar o tiro de partida para a mobilização desta quinta-feira. Mais de 25 mil concentraram-se à porta das respetivas faculdades e as várias colunas avançaram para convergir no centro da cidade em ambiente festivo, embora vigiado de perto por muita polícia com apoio de helicópteros. Os estudantes também tomaram as ruas de outras cidades catalãs, como Lleida, Girona e Tarragona.

Para além dos habituais slogans contra a sentença do Supremo e pela liberdade para os presos políticos, o conselheiro do Interior no governo catalão, Miquel Buch, continua a ser um dos alvos principais dos manifestantes, dada a sua responsabilidade pela violência empregue pelos Mossos d’Esquadra na repressão dos últimos dias.

O trânsito matinal em Barcelona ainda se tornou mais caótico devido às ruas cortadas por causa dos distúrbios da noite de quarta-feira. Para além dos destroços das barricadas, algumas artérias tiveram de ser reasfaltadas. Os cortes de ruas provocaram filas quilométricas nos acessos à cidade  ao início da manhã.

Fora de Barcelona, as cinco “marchas pela liberdade” — que convergirão esta sexta-feira na capital catalã em dia de greve geral — também complicaram bastante o trânsito, impedindo a circulação em duas auto-estradas e várias estradas nacionais. Uma das marchas vai passar perto de Martorell e por essa razão a Seat anunciou a interrupção da produção na sua fábrica esta quinta-feira à tarde e durante todo o dia de sexta.

Tal como na véspera, o final da tarde em Barcelona conta com mais uma iniciativa dos Comités de Defesa da República. Desta vez, os CDR convocam uma “Olimpíada Republicana” para “recordar as Olimpíadas Populares de 1936”, organizadas como alternativa e protesto contra as Olimpíadas realizadas nesse ano na Alemanha nazi. O objetivo da ação é ter milhares de pessoas a praticar desportos nas ruas da capital catalã. “Hoje não nos concentramos, expandimo-nos”, avisam os CDR na convocatória.

Torra surpreende com proposta de novo referendo

No plano político, a manhã de quinta-feira fica marcada pelo discurso de Quim Torra no parlamento catalão. O presidente da Generalitat propôs a realização de um novo referendo durante a atual legislatura. E fê-lo sem consultar previamente os membros do seu governo, quer os da Esquerda Republicana quer os do seu próprio partido Junts per Catalunya.

Se o clima no interior do governo já não era bom, com as críticas quer à resposta violenta da polícia às manifestações, mas também à demora de Torra a vir condenar a violência empregue por grupos de manifestantes, esta proposta suscitou ainda mais reservas sobre a sustentação política do governo.

A Esquerda Republicana não tardou a demarcar-se da proposta, com o seu líder parlamentar Sergi Sabrià a afirmar que “este não é o momento de fixar datas”, mas sim de “trabalhar para acumular forças”. Os republicanos prometem avaliar a proposta de Torra, mas vão avisando que “é através dos grandes consensos que o independentismo se tornou grande”, numa evidente indireta à iniciativa solitária do líder do governo. Para já, afirmou Sabriá, a estratégia continua a passar por obrigar o governo espanhol a sentar-se à mesa das negociações através da mobilização popular e da pressão internacional.  

Em Madrid, o ministro do Interior espanhol veio esta quinta-feira fazer um balanço da semana de protestos na Catalunha. Desde segunda-feira a polícia deteve 97 manifestantes e quatro deles ficaram em prisão preventiva. O número de feridos entre as forças policiais catalãs e espanholas é de 194, informou Fernando Grande-Marlaska, prometendo que não haverá impunidade para quem assuma “condutas delitivas”. A grande novidade para os próximos protestos, no que toca ao equipamento repressivo da polícia, será o camião lança-água enviado para reforçar as unidades antidistúrbios na Catalunha.

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