You are here
Por que é que algumas músicas não nos saem da cabeça?

Um estudo liderado por Kelly Jakubowski da Universidade de Durham investigou por que razão as chamadas músicas “orelhudas” ficam mais facilmente presas na cabeça de quem as ouve.
Das músicas estudadas, “Bad Romance”, de Lady Gaga, “Can’t Get You Out Of My Head”, de Kylie Minogue, “Don’t Stop Believing”, dos Journey, “Somebody That I Used To Know”, de Gotye ou “Moves Like Jagger” dos Maroon 5 foram as que mais ficaram nas cabeças dos participantes do estudo. Os investigadores perceberam que essas músicas têm em comum o facto de serem rápidas, terem uma melodia genérica e fácil de lembrar, mas com intervalos únicos (como saltos ou repetições) que as distinguem das restantes musicas pop.
As músicas que mais vezes passam nas rádios e canais de televisão e que estiveram por mais tempo no top de vendas serão mais facilmente consideradas orelhudas. Para além disso, este estudo pesquisou o que torna uma música contagiante, independentemente da sua popularidade e se as pessoas já a tinham ouvido anteriormente, ou não.
Kelly Jakubowski explica que “os nossos resultados mostram que podemos, até determinado ponto, prever que músicas vão ser mais contagiantes e ficar na cabeça das pessoas com base no seu conteúdo melódico”. Este estudo foi conduzido por investigadores das universidades do Reino Unido de Durham, Goldsmiths, Londres e Tübingen, na Alemanha.
Ingredientes para uma música contagiante
O estudo descobriu que as músicas mais contagiantes são aquelas com contornos melódicos globais mais comuns, ou seja, que têm a sonoridade típica da música pop. Um exemplo de um dos padrões mais comuns na música ocidental pode ser ouvido na música “Brilha bilha lá no céu” em que o primeiro verso sobe na escala e no segundo desce. Várias outras músicas infantis têm o mesmo padrão, tornando-se mais fáceis para a memória das crianças. O início da música “Moves liga Jagger”, dos Maroon 5,uma das músicas mais contagiantes para os participantes do estudo, segue o mesmo padrão de subir e depois descer na escala.
Outro ingrediente crucial na fórmula de músicas orelhudas é terem um intervalo pouco comum na estrutura de intervalos da música, como saltos inesperados, ou terem mais notas repetidas que o normal numa música pop média. O riff (a progressão de acordes) inicial da música “My Sharona”, dos Knack é disso exemplo.
Os investigadores perguntaram a 3 mil pessoas quais eram as músicas que mais lhes ficavam na cabeça e compararam as músicas nomeadas com músicas que nunca foram descritas como orelhudas, mas que eram semelhantes em termos de popularidade e tinham estado nos tops de vendas de música no Reino Unido ao mesmo tempo. As características melódicas das músicas orelhudas e “não orelhudas” foram depois analisadas e comparadas.
Como nos livramos de uma música
Noventa por cento das pessoas têm uma música “presa” na cabeça a tocar continuamente pelo menos uma vez por semana. Isso acontece normalmente quando não estamos a fazer nada de especial, como quando tomamos duche, caminhamos ou fazemos tarefas domésticas. Além de termos tido contacto recente e frequente com músicas, também determinadas palavras, imagens ou outras associações podem fazer com que nos lembremos subconscientemente de músicas e elas se repitam vezes sem conta na nossa cabeça.
A melhor forma de nos conseguirmos ver livres da música, segundo os autores do estudo, é ouvindo-a. Outras estratégias incluem pensar e ouvir uma outra música ou simplesmente não dar importância ao assunto e deixar que a música “passe” sozinha. Além das músicas já referidas, as outras músicas contagiantes referidas pelas pessoas envolvidas no estudo foram “California Gurls” da Katy Perry, “Bohemian Rhapsody” dos Queen, “Alejandro” e “Poker Face” da Lady Gaga.
Add new comment