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Milhares de trabalhadores resistem no quarto dia de greve na General Motors

A greve na General Motors dos EUA vai no quarto dia. 46 mil trabalhadores paralisaram a produção e a empresa está em negociações com o sindicato United Auto Workers. Esta quarta-feira, a GM no Canadá anunciou a suspensão de 1200 trabalhadores por falta de peças.
Trabalhadores da GM em greve. Setembro 2019.
Trabalhadores da GM em greve. Setembro 2019. Foto de LARRY W. SMITH. EPA/Lusa.

Há doze anos que os trabalhadores da General Motors não entravam em greve. Em 2007, com a empresa à beira da bancarrota, depois de dois dias de greve, o sindicato acabou por fazer um acordo rápido com a administração. Acautelada a defesa dos seguros de saúde, os trabalhadores dizem que sacrificaram muitas outras exigências justas para que a empresa sobrevivesse.

Desta feita, já se superou esta marca. Iniciada na passada segunda-feira, a greve entrou já no seu quarto dia. E o impasse negocial entre administração e sindicato mantém-se. Com o tempo, as perdas de rendimento acumulam-se para ambos os lados. Desigualmente. Os trabalhadores vão ver o seu salário reduzido, passando a ganhar apenas 250 dólares por semana o que compromete a sobrevivência de muitos. E a empresa cortou imediatamente os seus benefícios de saúde, alegando que em greve deveriam ser os sindicatos a pagar este tipo de despesas.

Do outro lado, os lucros da empresa bem se podem ressentir com a paralisação que almofada é grande: foram 24 mil milhões de dólares de lucros nos últimos dois anos e meio. Os trabalhadores lembram ainda as disparidades salariais da empresa: Mary Berra, a CEO da empresa que ganha 22 milhões por ano, não estará a sentir a greve afetar o seu quotidiano.

O número do seu salário combina, aliás, com o de despedimentos que a empresa fez em todo o mundo o ano passado: 22 mil, obra do plano de reestruturação que a companhia está a implementar.

Na fábrica de Detroit-Hamtramck há piquetes nas entradas, pancartas ao alto, cânticos e buzinas. Há pizza, donuts e garrafas de água, oferecidas pelos trabalhadores da fábrica da Ford, da Fiat Chrysler, entre outros. Há trabalhadores da GM que partilham a luta com os da Aramark, a empresa que assegura funções de manutenção e portaria nestas instalações. Esta fábrica nasceu em 1985 com fortes apoios estatais. Durante a greve de 2007 contabilizava 22 mil trabalhadores. Agora são apenas 800. E é uma das quatro fábricas marcadas para encerrar no âmbito do plano de reestruturação. Apesar de, nos piquetes, ainda se acreditar que será poupada. Corre o boato que a empresa está a negociar a promessa de reconversão desta fábrica para produzir camiões elétricos.

Para além de quem defende diretamente a existência do seu posto de trabalho a curto prazo e da exigência de vinculação dos trabalhadores temporários de que a empresa, dizem, abusa, salários justos, seguros de saúde acessíveis e estabilidade são, avança Brian Rothenberg do United Auto Workers, outras reivindicações dos 49 mil trabalhadores sindicalizados em 33 fábricas e 22 armazéns de nove Estados norte-americanos.

Com o contrato coletivo de trabalho a terminar no sábado à noite sem acordo, os trabalhadores entraram numa greve votada unanimemente e que tem o objetivo adicional de servir de padrão negocial para as outras empresas do ramo, nomeadamente a Ford and Fiat Chrysler. E, para além do seu destino afetar outras fábricas automóveis nos EUA, também afeta diretamente outras fábricas da GM fora dos EUA. Esta quarta-feira a GM Canadá anunciou o lay-off de 1200 empregados na fábrica de Oshawa, no Ontário alegando que faltam componentes indispensáveis à laboração devido à greve.

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