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Líbia: Autoridade eleitoral propõe adiar presidenciais

Era suposto ser um ponto de chegada de um processo negocial difícil. Mas as eleições presidenciais na Líbia, apadrinhadas pela ONU e marcadas para o próximo dia 24, estão longe de poder marcar o fim do conflito que se arrasta no país desde a queda de Mouammar Kadhafi em 2011.
A guerra civil está em suspenso desde outubro do ano passado mas as tensões regressam em força ao país. Esta terça-feira, milícias armadas marcavam posições em Tripoli. No mesmo dia, em Misrata, um líder de uma milícia, Salah Badi, organizava uma parada das suas tropas para demonstrar força. Na segunda-feira, guardas armados tinham forçado o encerramento de quatro campos petrolíferos levando à perda de um terço da produção diária de acordo com a Companhia Nacional de Petróleo.
Neste contexto, uma comissão parlamentar concluiu a “impossibilidade” de as eleições acontecerem na data prevista e, esta quarta-feira, a Alta Comissão Eleitoral Líbia, HNEC, a autoridade eleitoral do país, acabou por propor o adiamento deste ato eleitoral por um mês depois de “concertação com o Parlamento”. Este ficará encarregue de “adotar as medidas necessárias de forma a levantar os entraves ao processo eleitoral”.
A HNEC explica que havia “legislações eleitorais desadequadas no que diz respeito ao papel da justiça nos recursos e contenciosos eleitorais” e que esta fase de recursos se tornou “um ponto de viragem perigoso para o processo eleitoral” em que “todos os esforços para levar este prazo histórico a uma conclusão bem sucedida foram interrompidos por considerações fora do controlo dos responsáveis pelo processo”.
A linguagem é eufemistica face ao caos em que o processo se tornou, por razões logísticas mas sobretudo pelos desacordos entre os campos que se opuseram na recente guerra civil líbia, alimentada por várias potências regionais, como a Turquia por um lado, a Rússia, Egipto e os Emirados Árabes Unidos por outro.
A dois dias das eleições, não havia ainda sequer uma lista final de candidatos aceites. Dos 98 candidatos que se apresentaram, havia três que se destacavam: Khalifa Haftar, comandante do Conselho Nacional de Transição que domina o leste do país; Abdul Hamid Dbeibah, o primeiro-ministro interino que lidera o movimento Futuro da Líbia, e Seif al-Islam Kadhafi, filho de Muammar Kadhafi. A justiça líbia dizia sobre todos eles que várias questões invalidavam as suas candidaturas.
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