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Desobediência civil isola forças golpistas no Sudão
A semana abriu com protestos de milhares de pessoas contra o golpe de Estado, organizados em marchas em direção ao palácio presidencial na capital, Cartum, que terminaram com sete civis mortos e dezenas de feridos pelas forças militares.
Os protestos bloquearam uma das avenidas principais no bairro de Al Diyum, exigindo o retorno ao governo civil suspenso desde o golpe de 25 de outubro, que fez colapsar um acordo frágil para a transição democrática depois da queda da ditadura de Omar al-Bashir em 2019.
Faisah Saleh, um ex-ministro da informação e conselheiro de Abdalla Hamdok, primeiro-ministro eleito em 2019 que se demitiu no início deste mês entregando definitivamente o poder aos militares, escreveu no Twitter que “o povo sudanês não afronta um governo ou autoridade arbitrária, mas antes um gangue criminoso que mata a juventude sudanesa a sangue frio enquanto o mundo observa”.
Na terça-feira, a mobilização passou pelos comités de resistência em cada bairro da capital, acompanhados pelo apelo à greve por parte de partidos e sindicatos. A Universidade de Ciência e Tecnologia de Cartum suspendeu todas as atividades, aderindo ao movimento de desobediência civil.
“É o nosso dever resistir contra os militares até sermos vitoriosos ou até eles governarem um país vazio depois de nos matarem a todos”, afirmou o comité de resistência de Cartum.
Desde o golpe de 25 de outubro, 71 pessoas foram mortas e mais de duas mil foram feridas pelas forças golpistas. Segundo o repórter da Al Jazeera, nos protestos de segunda-feira “foi utilizada munição viva em Cartum, algo que raramente aconteceu nos passados dois meses”.
Vários esforços diplomáticos foram desenvolvidos pelas Nações Unidas e Washington, com apelos para que as forças golpistas respeitem a liberdade de manifestação e protesto pacífico. A União Europeia declarou que “através da utilização desproporcional de força e detenção continuada de ativistas e jornalistas, as autoridades militares demonstram que não estão preparadas para encontrar uma solução pacífica para a crise”.
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