Abderrazek Khachnaoui, de 49 anos, foi morto pela polícia municipal de Sbeitla quando esta demoliu o quiosque de venda de jornais e tabaco onde dormia. O caso está a gerar uma forte onda de protestos por toda a região. E é difícil não se invocar outro nome: o de Mohamed Bouazizi, o vendedor de rua que se imolou há dez anos por as autoridades locais lhe terem confiscado os seus pertences. Na sequência da onda de protestos que começou com a morte de Bouazizi, o regime de Ben Ali caiu e a Primavera Árabe espalhou-se.
À agência noticiosa AFP, o filho e dono do quiosque, Oussama Khachnaoui, contou que não foi avisado da ação de demolição, que aconteceu muito cedo, que os agentes municipais não verificaram se havia pessoas dentro e que depois dispararam gás lacrimogéneo contra ele e a família que ainda tentaram aproximar-se para salvar o homem.
Na cidade e na região de Kasserine, das mais pobres do país, os protestos não se fizeram esperar. Esta terça-feira, houve estradas bloqueadas, pedras atiradas à polícia e um carro municipal incendiado. A polícia respondeu com gás lacrimogéneo e os edifícios do governo local passaram a estar guardados por forças policiais e militares.
O primeiro-ministro Hichem Mechichi tentou colocar água na fervura ao anunciar um inquérito e o afastamento do governador de Kasserine e dois representantes regionais de topo, do chefe de segurança do distrito e do chefe de polícia de Sbeitla. Para além de declarar apoio à família enlutada, disse que enviou “imediatamente” o ministro do Interior para o local para auxilá-los.
A região central da Tunísia tem uma alta taxa de desemprego. O emprego informal e as vendas clandestinas são a forma de muitos poderem sustentar as suas famílias. E as queixas de perseguição policial contra os mais pobres são frequentes.