You are here

Covid-19 pode causar danos cerebrais

Neurologistas britânicos apresentaram provas de que o novo coronavírus pode causar danos graves mesmo em pessoas que tiveram outros sintomas ligeiros.
Imagem do cérebro por ressonância magnética funcional. Imagem de Jon Olav Eikenes/Flickr.
Imagem do cérebro por ressonância magnética funcional. Imagem de Jon Olav Eikenes/Flickr.

Um grupo de neurologistas da University College London publicou um estudo na revista científica Brain que mostra a forma como a covid-19 afeta o cérebro. A partir das análises a 43 doentes infetados com a doença, encontraram uma série de efeitos negativos no cérebro.

Doze destes pacientes tiveram inflamações do sistema nervoso central, sendo que nove deles foram diagnosticados com encefalomielite disseminada aguda, que é uma inflamação do sistema nervoso central que afeta a mielina e que também é provocada pelo vírus zika. Dez sofreram de encefalopatia transitória com delírio ou psicose. Oito tiveram AVCs. Igual número dos que tiveram problemas no sistema nervoso periféricos, um dos quais, uma mulher de 59 anos, faleceu por essa causa.

A primeira má notícia que este artigo traz é, portanto, que há sequelas graves no cérebro causadas pelo Sars-Cov-2. A segunda é que estas surgem mesmo em casos de infeção que tinham sido considerados ligeiros e que os sintomas ligados ao funcionamento do cérebro podem apenas manifestar-se mais tarde do que outros.

Michael Zandi, o investigador que liderou esta equipa, considera inédita “a forma como a covid-19 ataca o cérebro”. “Ainda não tínhamos visto noutros vírus”, esclarece. E acrescenta que este estudo é preliminar, sendo que ainda não se conhecem todas as consequências da doença no cérebro. Os doentes mais graves não estão a ser submetidos a exames deste tipo.

Por isso, a incerteza sobre a dimensão do fenómeno é grande. Assim Zandi acrescenta: “resta saber se vamos assistir a uma epidemia em grande escala de lesões cerebrais ligadas à pandemia – talvez semelhante ao surto de encefalite letárgica nos anos 20 e 30, depois da pandemia de gripe de 1918.”

Ross Paterson, também da equipa de coordenação da investigação, deixa a nota de que “os médicos precisam de estar conscientes de possíveis efeitos neurológicos, uma vez que o diagnóstico precoce pode melhorar os resultados dos doentes.”

Termos relacionados Sociedade
(...)