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Celebrar a final da Taça das Nações Africanas na maior prisão do Mundo!
Foi um pesadelo em algumas cidades especialmente na capital do Sahara Ocidental, El- Aaiun.
Encurralados nas suas terras, ocupadas há mais de 40 anos por Marrocos, os Saharauis um povo pacífico vive diariamente numa prisão (cerca de 260.000 km²) a céu aberto.
Mohamed Bakka Fadel, conta-me que “nesse dia a maior parte dos cafés tiveram ordem para encerrar. As famílias teriam de ver a partida de futebol nas suas casas, através do canal Al Jazera, ou nos computadores.
Após o final do jogo, milhares de Saharauis saíram às ruas para festejar. Enquanto alguns repetiam o slogan: “one, two, three, vive l'Algérie”, outros aproveitaram o momento para se manifestarem contra a ocupação marroquina, e o seu direito à independência”.
Mas rapidamente a celebração se transformou num pesadelo.
A polícia de ocupação marroquina e paramilitares tinham preparado uma recepção demasiado dolorosa.
Os polícias marroquinos estavam por todo o lado, à paisana ou fardados. Tinham armas e disparavam indiscriminadamente balas de borracha e canhões de água. Estavam também os paramilitares que espancavam os Saharauis com bastões. Havia muitas pessoas desfalecidas e a sangrar caídas no chão. Os polícias continuavam a bater-lhes com bastões.
Uma jovem de 24 anos, Sabah Azman Hamida morreu devido a lesões muito graves após ter sido deliberadamente atropelada por um veículo das forças auxiliares ocupantes, e sem que lhe pudessem prestar auxílio uma vez que o hospital se encontrava encerrado.
Residências invadidas, jovens (alguns menores de idade) detidos arbitrariamente, alguns desaparecidos e dezenas de feridos.
Num constante desafio às Nações Unidas e aos seus princípios, Marrocos continua a exercer a pior das brutalidades contra os Saharauis que indefesos nada mais têm a fazer do que RESISTIR!
Resistir e viver uma vida sem futuro, de rumo incerto nos territórios ocupados da sua Pátria.
Com a cumplicidade de Espanha, de mãos dadas com a França e aos olhos da União Europeia (UE), Marrocos ignora tudo e todos, insistindo em manter o “status quo”, e impedindo os Saharauis do seu direito à autodeterminação.
Considerações:
- As técnicas usadas por Marrocos para reprimir o povo Saharaui nos territórios ocupados, são usadas há décadas e fazem parte de uma estratégia bem delineada para oprimir, matar e deter arbitrariamente os Saharauis.
- A MINURSO (Missão das Nações Unidas para o referendo no Sahara Ocidental) continua no terreno, sem poderes para monitorizar os flagrantes atropelos aos direitos humanos, o que perpétua o “status quo” e a intransigência marroquina.
- A última colónia de África não deixará de o ser enquanto e de uma vez por todas a UE não agendar com a maior celeridade possível, a data para o referendo, para que sejam os Saharauis a decidir democraticamente o seu destino.
Apelo:
Em meu nome e em nome de vários outros ativistas pró-saharauis, faço um apelo ao governo português para não importar produtos "roubados" do Sahara Ocidental e comercializados por Marrocos, uma vez que esta atitude perpétua a ilegal ocupação marroquina e consequentemente a violação dos direitos humanos, privando os Saharauis de escolherem o seu destino.
Faço ainda um apelo de carácter urgente às Nações Unidas para intervirem com a maior brevidade, fazendo com que Marrocos respeite a Carta das Nações Unidas, bem como a Declaração Universal dos Direitos do Homem em todos os seus artigos.
Artigo de Né Eme
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