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Bolívia: manifestações e bloqueios contra adiamento de eleições

Com o candidato da oposição a liderar as sondagens, o governo golpista de Jeanine Añez adiou as eleições para outubro. Sindicatos, movimentos camponeses e o Movimento para o Socialismo protestam. Há uma semana, mais de uma centena de estradas estão bloqueadas.
Protesto contra adiamento das eleições presidenciais. Sacaba, Bolívia, agosto de 2020. Foto de Jorge Abrego/EPA/Lusa.
Protesto contra adiamento das eleições presidenciais. Sacaba, Bolívia, agosto de 2020. Foto de Jorge Abrego/EPA/Lusa.

Depois do golpe de Estado que depôs Evo Morales, o governo de Jeanine Añez reprimiu a oposição mas prometia eleições. Com a chegada da pandemia e o caos instalado no país, as eleições foram sendo adiadas. Estavam marcadas agora para seis de setembro. E um terceiro adiamento, para 18 de outubro, foi recebido com revolta.

Sindicatos, como a Central Obrera Boliviana, movimentos camponeses e partidos, sobretudo o Movimento Para o Socialismo, o partido de Evo Morales, protestam. Não estão convencidos com a projeção de um pico das infeções para setembro, apresentada pelo governo em funções como desculpa para o novo adiamento.

O novo coronavírus atingiu já cerca de 88 mil pessoas no país, incluindo a auto-proclamada presidente e metade do seu governo, e há 3.524 pessoas falecidas. A Câmara dos Deputados aprovou a semana passada um projeto de lei para a utilização de dióxido de cloro para prevenção e tratamento da doença. O uso desta substância para o combate à covid-19 não tem base científica.

Entretanto, o movimento contra o adiamento dura há uma semana. Há mais de uma centena de estradas bloqueadas. E o governo ameaça abrir caminho com o exército. Evo Morales alerta, através da sua conta no Twitter, que “o uso da força provocará um massacre”.

O governo acusa os manifestantes de assim impedirem a passagem de oxigénio e remédios fundamentais para o combate à covid-19, os manifestantes contrapõem mostrando os vídeos que mostram como as barricadas são levantadas nas estradas para deixar passa os camiões de abastecimento sanitário.

O candidato presidencial da área do partido de Morales, o seu ex-ministro da Economia, Luis Arce, defende que “o governo interino quer continuar no poder eternamente. Demonstraram-no várias vezes. Cada vez que apresentam uma data, o ministro da saúde diz que vai um pico [do novo coronavírus]”, acusando o governo de incompetência, corrupção e repressão aos movimentos que lhe façam oposição e intimidação à imprensa.

Arce, favorito segundo as sondagens, diz que a insatisfação se deve à crise económica e aos projetos governamentais de privatização das principais indústrias, nomeadamente do setor petrolífero e do gás.

Este domingo falhou o processo de conversações entre as duas partes mediado pelas Nações Unidas. À France Press, o secretário-executivo da COB, Juan Carlos Huarachi, esclareceu que a intransigência foi do lado governamental: “a proposta foi clara: eleições em 6 de setembro. No extremo, (queríamos) chegar a um acordo sobre uma nova data (que não 18 de outubro), um meio-termo, mas eles não aceitam”. Por isso, diz, os protestos continuarão.

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