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BCE anuncia nova subida de juros e venda definitiva de dívida dos países

Apesar de não se ter cumprido a previsão de recessão, o novo aumento mantém o risco de uma desaceleração da economia pelo estrangulamento da procura. Lagarde quer fim dos apoios sociais que respondem à crise energética.
Christine Lagarde. Foto Adrian Petty/ECB/Flickr

Esta quinta-feira, após o encontro de política monetária, o BCE anunciou a quarta subida das taxas de juro de referência. Desta vez as taxas de juro são aumentadas em mais 50 pontos base, perfazendo um total de subida de 200 pontos-base.

Assim, a partir de 8 de fevereiro, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento passa para 3%, a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez avança para 3,25% e a taxa aplicável à facilidade permanente de depósito sobe para 2,5%.

A decisão do BCE vem no seguimento de um período em que não se materializou a recessão que se esperava. Contudo, este novo aumento, e o que será novamente anunciado em março, mantém o risco de uma desaceleração da economia pelo estrangulamento da procura. 

Lagarde pede a governos que retirem os apoios sociais

No seu discurso, Christine Lagarde, presidente do BCE, apelou ainda aos países que retirassem os apoios sociais para combater o aumento dos preços energéticos. Já em setembro, pedia aos países que mantivessem os seus apoios “temporários e direcionados” para apenas auxiliar as empresas e famílias mais vulneráveis. O receio é que estes gastos alimentassem as pressões inflacionistas. 

Quando questionada sobre o tema, Lagarde respondeu: "Não é pedir aos governos que parem agora. Mas têm claramente de alinhar o seu apoio orçamental com o preço da energia ao nível da distribuição". 

Países com maior dívida pública terão maiores custos nos mercados secundários

Para além destes anúncios, o BCE ainda tornou clara a sua intenção de, a partir de março, vender definitivamente títulos do tesouro dos países de forma a contrair mais o seu balanço. O jornal Dinheiro Vivo sublinha que “o BCE e o sistema de bancos centrais (o Banco de Portugal, principalmente) tem na sua posse qualquer coisa como 53,7 mil milhões de euros em dívida pública portuguesa (valor no final de dezembro)”. 

Este movimento de “quantitative tightening” começou em julho passado e já fez com que a taxa de juro das obrigações do tesouro (OT) portuguesas a dez anos disparasse de 1% para os atuais 3% no mercado secundário.

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