You are here

Barroso perdeu a aposta do tratado com os EUA

Durão Barroso perdeu a aposta de acabar em glória o mandato como presidente da Comissão Europeia porque a anunciada suspensão, até Junho, das negociações do tratado de comércio livre com os Estados Unidos (TTIP) inviabiliza a possibilidade de o concluir dentro dos prazos que pretendia.
O Tratado de Livre Comércio entre a UE e os EUA fica adiado para o próximo mandato da Comissão, sem Barroso. Foto Conselho da Europa/Flickr

O comissário do Comércio, Karel De Gucht, anunciou a suspensão das negociações formalmente devido à necessidade de um entendimento sobre questões de fundo como o tribunal arbitral, mas as razões reais estão relacionadas com o período eleitoral na União e a necessidade de não dar mais argumentos ao eurocepticismo. O TTIP é até bastante mais transversal porque a contestação à possibilidade de um acordo atinge variados sectores político e económicos que não se reconhecem no neoliberalismo vigente nas administrações dos dois lados do Atlântico.

Karel De Gucht esfriou ainda mais as ambições de Barroso porque, segundo um comunicado da Comissão, “não pode falar-se ainda em negociações” em relação ao que aconteceu até agora nas três reuniões bilaterais, dedicadas à fase em que “os funcionários desbravam o terreno”. Nesse âmbito, realizar-se-á em Março a reunião inicialmente prevista, mas sem entrada nas matérias decisórias.

As posições agora mais cautelosas da Comissão reflectem os efeitos do grande movimento de opinião contra o tratado que atravessam a Europa, pelo que a fase de auscultação com que agora se justifica a suspensão do processo pretende minorar o impacto eleitoral que o descontentamento poderá ter nos resultados das facções dominantes nas instituições europeias. “Não é apenas o problema do eurocepticismo, mas também do desconforto que os chefes do PPE (Partido Popular Europeu) e até de alguns socialistas sentem com a maneira impositiva como o tratado foi apresentado, sobretudo pela factura eleitoral que agora poderão ter de pagar”, declarou uma fonte da Comissão. Apesar de o desconforto ser “bastante geral”, a mesma fonte acrescentou que o incómodo maior resulta da “amplitude do movimento contrário ao tratado que existe na Alemanha”.


Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
(...)