Serviço Nacional de Cuidados

Cuidar. De crianças. De idosos. De pessoas doentes. De pessoas com diversidade funcional. Cuidar dos outros. Cuidar de quem precisa tem sido uma função quase exclusivamente feminina, assegurada sem reconhecimento social e sem pagamento. Não tem que ser assim. E não deve ser assim. Cuidar de quem precisa pode e deve ser um serviço público, um Serviço Nacional de Cuidados. 

09 de janeiro 2022 - 15:42
PARTILHAR

O pai que envelhece e precisa de apoio crescente e permanente. A criança que está doente e não pode ir à escola. O marido com deficiência que necessita de colaboração para ter uma vida independente. Quem assegura estes cuidado? A filha, a mãe ou a avó, a esposa. Ou seja, as mulheres. O mundo dos cuidados, seja dos cuidados aos outros seja dos cuidados da casa e da gestão do quotidiano, são tarefas quase exclusivamente femininas, não remuneradas quando asseguradas por familiares ou mal pagas, quando asseguradas por terceiros. 

Não tem que ser assim. À semelhança do que já acontece noutros países, como o Uruguai, é possível caminhar no sentido da implementação de um Serviço Nacional de Cuidados, como o Bloco propõe e de que a Helena Pinto nos fala, que desenvolva em todo o território uma rede de respostas públicas na área da infância, da velhice, da dependência e da promoção da autonomia, de caráter universal e tendencialmente gratuito.

Neste dossier, João Arriscado Nunes escreve sobre o cuidado como ecologia enquanto Jorge Falcato nos fala sobre a premência da desinstitucionalização e do acesso à vida independente para todas as pessoas com diversidade funcional. 

Conceição Nogueira fala-nos das experiências de cohabitação e Maria Manuel Rola sobre cidades que cuidam. 

Deolinda Martin e Isabel Ventura escrevem sobre a vida além dos 60 anos e a realidade laboral dos trabalhadores e trabalhadoras das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) é abordada por Joaquim Espírito Santo e Pedro Faria

Teresa Cunha fala-nos sobre o mundo dos cuidados e a necessidade de mudança na sua prestação e Mafalda Araújo escreve sobre a organização dos cuidados e do trabalho doméstico com particular incidência na época das festas. Andrea Peniche traduziu a entrevista com a professora de História Asiática e feminista Tithi Bhattacharya, realizada por Sarah Jaffe. 

Sobre trabalho doméstico publicamos o vídeo da conversa entre Sara Barros Leitão e Conceição Ramos e uma reflexão de José Soeiro, que nos fala também sobre o Estatuto do Cuidador Informal.

Por fim, publicamos o manifesto “Cuidar de quem cuida” de José Soeiro, Mafalda Araújo e Sofia Figueiredo bem como o manifesto internacional “Reconstruindo a organização social do cuidado”

Termos relacionados: