Segundo um estudo da Câmara Municipal de Lisboa de 2018, cerca de 370 mil carros entram todos os dias em Lisboa. Isto é sintomático de uma cidade que precisa de mais e melhores transportes públicos. Significa também que não está a ser dada resposta à emergência climática. Apesar de Lisboa ser a capital verde europeia, são ainda inúmeros os problemas com que se depara para de facto ser verde. O Bloco em Lisboa já garantiu várias conquistas na área da mobilidade que vão no sentido certo de tornar Lisboa uma cidade com mais mobilidade e com um melhor ambiente.
Quando o Bloco assumiu a Vereação em Lisboa, sabia que um dos temas mais importantes seria o da mobilidade e transportes. Desde a extensão do metro à zona ocidental, até à necessária recuperação da Carris com mais autocarros, motoristas, horários e novas rotas. Não esquecemos a delapidação que os transportes em Lisboa tiveram com o governo PSD/CDS. Desde que o Bloco está na CML a CARRIS tem mais motoristas, já há 191 novos autocarros a circular, outros 200 em compra, 15 elétricos articulados em concurso, novas 18 carreiras, reabertura dos elétricos 24 e 18, para além do Plano de Mobilidade para a Zona Ocidental que foi cumprido com mais carreiras e horários.
O número de passageiros da CARRIS também aumentou, fruto da redução do preço do passe que resultou também do acordo firmado pelo Bloco de Esquerda para a Governação da Cidade.
No entanto, o que foi conquistado é apenas uma peça necessária uma cidade com mais mobilidade e melhor ambiente. Ter Lisboa cidade verde na lapela não nos salvará da extinção em massa nem dará melhor qualidade de vida a quem vive e trabalha em Lisboa.
A expansão do Metro para a zona ocidental de Lisboa e para Loures tem de se tornar uma realidade. Milhares de carros poderão deixar de vir de Cascais e de Loures para Lisboa e as cerca de 150 mil pessoas da zona ocidental finalmente estarão realmente integradas na mobilidade da cidade. A pressão do Bloco fez com que o Metro na zona ocidental fosse parte do programa de governo da cidade mas falta a sua concretização. Nem um passo para trás nesta matéria.
Por outro lado, o Metro de Lisboa tem sido motivo de reclamação diária em Lisboa. Obras como as do Metro de Arroios são um fracasso. Para deixar de optar pelo transporte de carro, o metro tem de ter uma resposta mais rápida, confiável e ser o transporte de referência para circular na cidade, tal como acontece em outras capitais europeias.
A rede de bicicletas municipais partilhadas já demonstrou ser uma boa alternativa para a mobilidade em Lisboa. No entanto, e apesar do enorme sucesso que estavam a ter, houve um interromper de investimento no seu alargamento. Várias zonas de Lisboa ainda não têm nem ciclovias, nem bicicletas partilhadas. Novamente, a zona ocidental é uma mancha em branco quanto a este serviço. É necessário expandir a rede de ciclovias e bicicletas a toda a cidade.
Face à ideia de PSD, CDS e PS para que o rio Tejo se torne um recurso para o surgimento de transportes privados, o Bloco votou contra. São mais que conhecidas as dificuldades do transporte público fluvial que transporta milhares de pessoas diariamente. É aí que temos de investir. Mais e melhor transporte público fluvial. Este investimento deve seguir o que é feito em outras cidades europeias e aproveitar para descarbonizar esta forma de transporte. Mais barcos, mais sustentabilidade, melhor ambiente.
Fernando Medina anunciou que a zona da Baixa-Chiado, em Lisboa, passará a ser "zona de emissões reduzidas" onde a circulação automóvel será reduzida ao "mínimo indispensável". Para além de não explicar sequer como o vai fazer, não tem em conta que esta zona já nem a mais poluída de Lisboa.
Temos de ir mais longe. Estudos indicam que a zona do Cais do Sodré, 2ª circular e Parque das Nações já são mais poluídas que a Avenida da Liberdade. A proposta de proposta de Medina para a redução de carros é insuficiente e pouco ambiciosa. Outras cidades da Europa já avançaram para zonas sem carros. Isso tem de ser feito com a associação de mais e melhores transportes. A descida dos preços dos passes que o Bloco em Lisboa fez avançar foi o 1º passo. De seguida temos de investir nos transportes públicos para que seja possível ter uma cidade mais saudável e com menos impacto para o ambiente.
Não se esgotando a questão ambiental da cidade de Lisboa nos transportes, é importante não esquecer duas das lutas mais importantes a nível ambiental na cidade: A expansão do aeroporto Humberto Delgado e o aumento de tráfego de navios de cruzeiro devido ao Terminal de Cruzeiros.
O Bloco de Esquerda fez aprovar na CML que fosse realizado o primeiro estudo de impacto na saúde e no ambiente do aeroporto em Lisboa, desde que ele foi construído. No entanto, sem qualquer tipo de respeito pela lei e pelo ambiente, o governo fez avançar as obras de expansão. Este luta determinará o futuro da saúde pública em Lisboa e do ambiente face à emergência climática.
O Terminal de Cruzeiros é um problema mais invisível que o aeroporto mas não menos grave. Os navios de cruzeiro são responsáveis por cerca de 3,5 vezes mais emissões de óxido sulfúrico e por cerca de um quinto das emissões de óxidos de nitrogénio emitidos por toda a frota de automóveis em Lisboa durante um ano. Lisboa é a cidade europeia que mais navios de cruzeiro recebe e isso significa também um elevado número de emissões poluentes com largas quantidades de dióxido de enxofre e de óxidos de azoto, partículas finas e ultrafinas, entre outros poluentes. Face a isto o Bloco apresentou proposta para restringir estes navios na cidade e para que se force a opções por fontes de energia não poluentes.
Uma cidade para ter futuro não pode desprezar a emergência climática em que vivemos. O sistema de transportes é determinante na qualidade de vida e ambiente de uma cidade. Lisboa tem de ser verde nas ações. Grande parte dessas ações pressupõe que não se brinque à neutralidade carbónica e que se invista seriamente em transportes públicos de qualidade e não poluentes.