A derrota do primeiro-ministro John Howard nas eleições da Austrália de 24 de Novembro foi também uma derrota do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e uma demonstração do seu isolamento internacional. Com efeito, Howard era um dos últimos aliados ferrenhos de Bush na guerra do Iraque, e acompanhava até o presidente norte-americano na recusa a assinar o Protocolo de Quioto.
A derrota de Howard, que governou o país durante 11 anos e meio, foi particularmente humilhante. Howard perdeu até o seu lugar de deputado, que ocupava há 33 anos, não conseguindo eleger-se no círculo eleitoral de Bennelong, Sidney. Só havia memória de um caso semelhante em 1929.
Duas questões de carácter global marcaram as eleições australianas: o Protocolo de Quioto e o aquecimento global, por um lado, e a guerra do Iraque.
O trabalhista Kevin Rudd, ex-diplomata de 50 anos que venceu as eleições, prometeu que a sua primeira prioridade seria assinar o Protocolo de Quioto sobre o controlo de emissão de gases com efeito estufa. E cumpriu a promessa, como seria confirmado duas semanas mais tarde pelo governo australiano na Conferência de Bali. Rudd também prometeu retirar os 550 soldados australianos do Iraque, ao contrário de Howard, que afirmava que iria manter as tropas no Iraque pelo tempo que fosse necessário.
Vitorioso no Congresso trabalhista um ano antes, Rudd, de 50 anos, é visto como o agente de uma forte renovação no partido, mas a sua imagem é comparada muitas vezes com a de Tony Blair. Analistas dizem que o novo primeiro-ministro se afastará da ala sindicalista do partido e que poderá começar a aplicar na Austrália os princípios da "Terceira Via", justamente quando internacionalmente ela passa por um período de decadência.
Howard, o grande aliado de Bush, é derrotado na Austrália
20 de dezembro 2007 - 0:00
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