França: Sarkozy eleito presidente

19 de dezembro 2007 - 0:00
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Nicolas Sarkozy, o candidato da União por um Movimento Popular (UMP), de direita, foi eleito Presidente da República francesa com 53,06% dos votos no dia 6 de Maio, data do segundo turno das eleições presidenciais. Ségolène Royal, a candidata do PS que disputava com ele, obteve 46,94%. A participação nas eleições rondou os 85%.



Sarkozy passara ao segundo turno depois de vencer o primeiro, realizado a 22 de Abril, com 31,18%, seguido de Ségolène Royal, com 25,87%. Em terceiro lugar ficou François Bayrou, o candidato da UDF (direita liberal) com 18,57%. Jean-Marie Le Pen, da extrema-direita, ficou em quarto lugar com 10,44%, perdendo mais de 5% e de um milhão de votos em relação a 2002, quando passou à segunda volta. Olivier Besancenot, da LCR, foi o mais votado, com 4,08% e quase um milhão e meio de votos; em relação a 2002 baixou ligeiramente em percentagem (obtivera 4,25%), mas subiu em votos expressos, cerca de 300 mil. Marie-George Buffet, do PCF, recolheu setecentos mil votos, 1,93%, obtendo a mais baixa votação de sempre do seu partido (em 2002, Robert Hue tivera 3,37%). Também Arlette Laguiller desceu dos 5,72% que obtivera em 2002 para 1,33%. Dominique Voynet, a candidata dos Verdes, obteve 1,57%, muito longe dos 5,25% de Noël Mamère em 2002. José Bové, o conhecido activista altermundialista, ficou-se pelos 1,32%.



Nos dias que se seguiram, enquanto Sarkozy gozava férias na ilha de Malta, a França vivia duas noites consecutivas de protestos de jovens e de confrontos com a polícia em Paris e outras cidades. Pelo menos 700 pessoas foram detidas e centenas de veículos foram queimados. Houve também manifestações anti-Sarkozy em Lille, Lyon, Nantes, Marselha, Caen, Rennes e Tours, algumas das quais autorizadas, outras espontâneas. Nem todas deram origem a incidentes.



Sarkozy iniciou os seus cinco anos de mandato em 16 de Maio, indicando o seu director de campanha, François Fillon, para o cargo de primeiro-ministro.



No dia 11 de Junho, realizou-se o primeiro turno das eleições parlamentares, marcado por uma nova vitória eleitoral da direita. A UMP e os seus aliados de direita obtiveram 45,58% dos votos, seguidos do PS, com 28,01%, o MoDem, de François Bayrou, com 7,61%, a extrema-direita, com 4,68%, o PCF, com 4,29%, a extrema-esquerda com 3,41%, os Verdes, com 3,25%. A abstenção foi a mais alta da história republicana francesa: 39,5%.



No segundo turno, porém, o resultado eleitoral global mostrou que a vitória eleitoral da direita não fora tão esmagadora quanto parecia indicar o primeiro turno, não se verificando a previsão de uma vaga de fundo da direita. Na verdade, a direita ganhou com menos deputados que em 2002. Elegeu 346 deputados, menos 42 que em 2002. Alain Juppé, o número dois do recém-formado governo de Sarkozy, não conseguiu eleger-se.



Analistas atribuíram o resultado desastroso ao anúncio de medidas anti-sociais por parte do governo, nomeadamente a subida de impostos.



O PS elegeu 205 deputados, mais 56 que em 2002. O PCF elegeu 18 deputados, menos três que nas anteriores e os Verdes ganharam um lugar, elegendo quatro deputados. O sistema eleitoral francês, maioritário a duas voltas, reforçou ainda mais o bi-partidarismo.



Jean-Pierre Raffarin, antigo primeiro-ministro e opositor de Sarkozy dentro da direita, afirmou: "O IVA social fez-nos perder 60 deputados". Durante a semana que decorreu entre a primeira e a segunda volta das eleições legislativas, o ministro da economia admitira na televisão a possibilidade de vir a subir o IVA em 5 pontos percentuais.

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