Greve feminista 8M: quem a convoca?

Ana M. Martín estará este fim de semana no Fórum Socialismo, em Leiria, para falar sobre a experiência de organização da Greve Feminista do 8 de março em Espanha e sobre as suas reivindicações políticas que a sustentaram.

29 de agosto 2018 - 10:04
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Greve feminista 8M: quem a convoca?

Partilho convosco um pouco da minha intervenção em nome da Asamblea Feminista Unitaria de Sevilla. Vou tentar explicar como se organizou a nível espanhol a Greve Feminista do 8 de março de 2017, bem como as reivindicações políticas que a sustentaram. Tudo isto tendo em conta que este êxito vem de uma longa história de luta feminista e vários 8 de março a ocupar as ruas, as praças e a palavra com o objetivo de subverter a ordem do mundo e o discurso heteropatriarcal, racista e neoliberal que impera…

Falaremos um pouco da origem do 8 de março como Dia Internacional da Mulher e os antecedentes imediatos da greve a nível internacional, como se começa a forjar este movimento feminista que ultrapassa as fronteiras espanholas e, a nível interno, como nos organizámos nos diferentes territórios, a coordenação entre os mesmos e como correu a greve do dia 8 de março em Sevilha. Uma greve diferente da figura sindical tradicional e que por isso transcende o âmbito laboral e produtivo e inclui o âmbito reprodutivo e de cuidados, estudantil e de consumo.

Esta é, portanto, uma greve diferente e que, além das desigualdades laborais existentes entre homens e mulheres, reivindica as diferentes opressões que sofremos por sermos mulheres, no trabalho – remunerado e não remunerado –, na gestão do tempo, na violência machista, no âmbito do consumo, na sexualidade, saúde, amor romântico… tudo isto sem perder de vista a interseccionalidade e, por isso, conscientes das diferentes posições que cada uma ocupa dependendo da origem, classe, idade, orientação sexual, identidade de género e diversidade funcional.

Trata-se de reivindicar o conflito capital vida que o sistema capitalista implica e a necessidade de pôr o tema dos cuidados em cima da mesa e como debate político principal, para lhes dar visibilidade e os valorizar enquanto algo imprescindível para a permanência e sustentabilidade da vida e, por isso, reivindicar a necessidade de instaurar uma nova organização social, económica e política centrada nas necessidades das pessoas. Uma sociedade que ponha a vida e a manutenção do planeta no centro das suas preocupações.

Ana M. Martín

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