Nas duas últimas temporadas de Homeland, a omnipresença de redes sociais infeciosas ou de operações russas nos EUA foram o tema da intriga. O mesmo aconteceu noutras séries. E nada chega à realidade, com as investigações judiciais sobre a eleição Trump-Clinton e com a guerra entre os exércitos de hackers. A pergunta é: podem as opiniões públicas e eleitorados ser manipulados de modo a virar umas eleições? Se sim, como é que isso funciona? E, se funciona, como pode ser combatido?
Ou será que as redes sociais constituem uma nova forma de emergência de consciência? Já não temos classes mas temos “likes" e associações de “amigos”? A análise dos modos de consumo e de comunicação que dominam nos países europeus, e em Portugal, indica que as sociabilidades se estão a transformar. Poderá a democracia ter as mesmas características ou até o mesmo tipo de contradições e conflitos a que nos habituámos? Dito de outro modo, será que a maior ameaça não é mesmo a promessa que nos faziam, de uma democracia líquida e de uma sociedade de hipercomunicação, como uma cascata de notícias e imagens?
Em qualquer caso, a disputa pelo poder deslocou-se para incluir novas áreas de formação de hegemonia e de construção de ideias comuns.