Dia 4 de Fevereiro de 1961. Um comunicado oficial do Governo-Geral de Angola, difundido por intermédio do Secretariado Nacional de Informação, torna público que “três grupos armados tentaram a noite passada libertar presos em Luanda”, assegurando que “os responsáveis estão já presos na maior parte e a ordem está restabelecida”:
“O Governo-Geral de Angola tem recebido, nestes últimos dias, informações vindas do estrangeiro dizendo que se preparava uma alteração da ordem pública em Angola.
Nessas informações insistia-se em que se tratava de um plano de agitação organizado de fora para dentro e coincidindo com o assalto ao paquete “Santa Maria”.
Efetivamente, durante a noite passada, três grupos de indivíduos armados pretenderam assaltar a Casa de Reclusão Militar, o quartel da Companhia Móvel da Polícia de Segurança Pública e as Cadeias Civis de Luanda, tendo havido baixas, tanto nas guarnições destes estabelecimentos como entre os assaltantes, baixas cujo número, embora pouco elevado, será publicado logo que esteja averiguado. A intenção, ao que se depreende, era libertar presos, o que não conseguiram. Os responsáveis estão já presos na maior parte e a ordem está restabelecida.”
O final tranquilizador levou alguns a admitir que se tratara de um acontecimento isolado, que ficaria por ali. A existência da Censura, a depuração exercida sobre as notícias, impedia que a maioria das pessoas o somasse ao que se passara em Mueda (Moçambique), em Junho do ano anterior, ou na Baixa do Cassange (Angola), um mês antes. Jaime Nogueira Pinto, que fizera nesse dia 14 anos, referiria – em entrevista dada vários anos depois – ter visto os acontecimentos como uma versão do filme “Chaimite”, “em que os pretos maus matavam os brancos e os pretos bons e depois os brancos e os pretos bons venciam-nos a eles”.
Diana Andringa, com 3/4 anos, na varanda da sua casa no Dundo.
Um pouco mais nova que ele, eu chegara de Angola cerca de dois anos antes, sabia-me vista como portuguesa ou branca “de segunda”, tinha testemunhado atos de racismo e violência que não me permitiam acreditar que os brancos fossem sempre os bons, e debatia-me entre a gesta do Império, em que a escola nos embalava – após a anexação de Goa, uma negativa a Geografia castigou a ousadia de escrever que não havia Estado Português da Índia – e a realidade observada na minha Lunda natal, que me tornara cética quanto ao “fardo do homem branco” descrito por Kipling.
A Censura, no entanto, não estava apenas nos lápis azuis que mutilavam ou destruíam as notícias, mas também nas nossas cabeças, formatadas pela escola e pela propaganda do Império, “Portugal não é um país pequeno” – com os mapas de Portugal e colónias, unidos, preenchendo a Europa do Atlântico aos Urais – “Portugal do Minho a Timor”, o Pico Ramelau como montanha mais alta de Portugal, a propagação da civilização e da fé cristã, as histórias dos heróicos descobridores e conquistadores, etc., etc., etc. Para a maioria, as colónias eram Portugal. Ponto final.
A 18 de Fevereiro, aliás, o enviado especial do Diário de Lisboa a Luanda, Fernando Soromenho, garante que “o território de toda a província mantém-se em tranquilidade.”
Tranquilidade rapidamente quebrada. Menos de um mês depois, a 17 de Março, o mesmo DL anuncia, na primeira página, que “bandos vindos do exterior atacaram postos fronteiriços entre Maquela do Zombo e São Salvador”. Os acontecimentos tiveram lugar no dia 15 mas, escreve o jornal, só nessa manhã foram divulgados pela imprensa de Luanda. E justifica: “quiseram, voluntariamente, aguardar informações mais exatas para evitar a publicação de notícias menos fundamentadas que, no geral, servem apenas para alarmar a opinião pública.”
O jornal acrescentava que “a situação em Luanda é absolutamente tranquila, mas a opinião unânime mostra-se favorável a uma repressão sem hesitações de qualquer natureza, deixando para depois as considerações de ordem política ou diplomática”.
Nos dias que se seguem, as imagens dos massacres desencadeados no Norte de Angola pela UPA, de mulheres e crianças a chegar em pânico a Luanda, reforçam a ideia de uma ação movida pelo “ódio ao branco”, com os tais “pretos maus” a matar, violar, mutilar os brancos e os “pretos bons”.
Se a queda de Goa levara a RTP a transmitir horas e horas de folclore goês (que até então ignorara), o que nos era agora apresentado – não apenas na Comunicação Social, mas também nas vitrinas do Palácio Foz e em panfletos que gritavam em várias línguas “Genocídio contra Portugal” – era o sofrimento dos colonos, tendo como pano de fundo os acontecimentos do Congo Léopoldville e da Argélia, o drama dos “pieds-noirs” argelinos, a luta dos defensores da “Algérie Française”.
E embora a colonização portuguesa de Angola fosse bem mais recente que os 500 anos de que sempre nos falavam, havia gerações de portugueses africanos, para quem imaginar abandonar, ou ser expulsos, daqueles que eram de facto os seus países levantava um problema da identidade: pois não eram eles também angolanos? Sendo esse o meu caso, aos meus 13 anos pareceram heróis, nesses primeiros e conturbados tempos, alguns homens que, mais tarde, veria como criminosos de guerra.
Embora discordando da atuação da UPA – que Mário Pinto de Andrade, primeiro presidente do MPLA, qualificaria de “jacquerie” e que o próprio Holden Roberto, dirigente da UPA, teve dificuldade em justificar – muitos jovens estudantes vindos das colónias, na sua maioria frequentadores da Casa de Estudantes do Império (que, contrariando a intenção com que fora criada pelo Governo, funcionava como centro de consciencialização anticolonial) mais bem informados sobre a realidade, optam rapidamente por fugir ao recrutamento e à mobilização. Mas a maioria dos militares de carreira e dos jovens que cumpriam o Serviço Militar Obrigatório não hesitou em partir para Angola a “defender a Pátria” – mesmo se alguns, como no diálogo contado anos mais tarde, numa entrevista, por Maria Clementina Dinis, à época psicóloga do Hospital Militar, não sabiam exatamente o que isso fosse… (“O que é que vai fazer?” “Vou defender a Pátria!” “E o que é a Pátria?” “Ah, isso eu não sei, minha senhora!”)
Nesse Portugal de elevadíssimos níveis de analfabetismo, a poucos poderia ocorrer citar Pessoa e responder “A minha Pátria é a língua portuguesa”.
E muitos militares enviados para as colónias a defender essa Pátria descobriam com espanto, uma vez chegados ao destino, que os povos dessas colónias não eram, em grande número, falantes de Português.
Mas, até que regressem os primeiros soldados, o que fica em Portugal, nas famílias dos que partiram, nas famílias daqueles que podem partir, é sobretudo o medo e uma prece coletiva também contida num verso de Pessoa: “Que volte cedo, e bem!”
Mais difícil é tornar-se coletiva a informação das mortes desses meninos da sua mãe. Sabem-nas as famílias, os vizinhos, a aldeia. Mas, nos jornais, são raras e esparsas as notícias dessas mortes, atribuídas, muitas vezes, a menos assustadores acidentes viários, possíveis também naquilo a que então se chamava “metrópole”. E, na ainda jovem RTP, o que fica na memória são as mensagens de Natal, militar após militar dizendo para a câmara e o microfone – perto, muito perto, como se assim ficassem de algum modo mais próximo dos familiares a quem se dirigem – “Atenção, Angeja (ou Cheleiros, ou Redondo, ou Coimbra)! Daqui fala o soldado nº 1385/61 para família, amigos e namorada, para desejar um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de prosperidades. Adeus e até ao meu regresso!”
Nas aldeias, o luto pelos mortos confunde-se por vezes, para quem não conhece aqueles que o usam, com o luto por aqueles que partiram. E os que voltam a essas aldeias onde um camarada morreu não sabem como fazer-se perdoar por continuarem vivos:
“Tive de falar com a família, e contar-lhes – e ainda hoje me custa!”, lembra, já nos anos 90, no documentário “Guiné: As duas faces da guerra”, um desses homens que sobreviveu à emboscada em que morreu um seu amigo.
A guerra torna-se, nas famílias, um silêncio ensurdecedor. A possibilidade de morte é uma realidade que não pode enunciar-se, não vá a palavra chamá-la. Aguardam-se as chegadas do correio, dos aerogramas, muitas vezes escritos por um amigo alfabetizado, ou um oficial mais compreensivo. Do outro lado, a ansiedade da espera é também imensa. Há avós e pais que morrem, namoros que se rompem…Um amigo, oficial miliciano, contou-me como lera a um soldado analfabeto a carta que lhe anunciava o abandono da mulher. E, muito depressa, acrescentou: “Eu tinha acabado de receber uma carta semelhante…”
Era “a dor da gente que não sai no jornal”, para citar Chico Buarque. A dor daqueles que, mutilados, entendiam libertar da promessa de casamento a prometida na Metrópole, a da namorada que não podia aceitar essa decisão, nem o olhar dos pais, nem o dos vizinhos, o desse mundo que não passava pelo mesmo, mas se atribuía o direito de a julgar… Uma “curta” do realizador António Ferreira, “ Deus não quis”, conta admiravelmente, com base nos versos de “Laurindinha” (“Oh Laurindinha, chega à janela, ver o teu amor, que ele vai para a guerra”) essa dor não noticiada…
É um filme do pós-25 de Abril, claro. Antes a guerra não era tema de filme em Portugal, exceto se fosse de propaganda e tivesse por mensagem “ah, como é diferente o colonialismo em Portugal…”
Já as canções, essas, eram, se não uma fonte de informação, uma arma de resistência. Luís Cília, “Rola sangrenta uma bola no chão de Angola”, Zeca, “Ronda dos paisanos”, “Menina dos olhos tristes”, Adriano, “ Canção com lágrimas”…
Na Sonora da Pró-Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa, para onde entretanto entrara – já a luta de libertação e a guerra colonial se combatiam em três frentes – passávamos a todos os intervalos “Le Déserteur”, cantado por Mouloudji, tornando bem clara a nossa posição em relação à guerra, sem que professores, contínuos, ou até defensores do colonialismo ou da participação na guerra como forma de ação política junto dos soldados nos chamassem sequer a atenção.
A informação permitida não mudara muito – “ações de polícia”, “destruição de acampamento inimigo”, “acidente de viação”, “Adeus, até ao meu regresso” – mas as cerimónias do 10 de Junho já não disfarçavam os órfãos, as viúvas, os pais chorosos, os deficientes e, apesar do mutismo em que caíam muitos dos que regressavam, a informação ia-se fazendo, de boca a orelha, em papéis clandestinos, em viagens ao estrangeiro. Discutia-se já quase abertamente entre os mais conscientes qual a melhor forma de fazer guerra à guerra: participar, para tentar consciencializar os mobilizados? Desertar, se possível com armas, para dificultar cada vez mais o esforço de guerra?
Auxiliava-se, como e no que se podia, a deserção de amigos, de conhecidos. Esperava-se, ansiosamente, o sinal de que tinha chegado são e salvo. Era uma outra guerra, com outros riscos, outras emboscadas.
As tomadas de posição, tímidas embora, começavam a surgir para lá dos documentos clandestinos e das rádios da oposição emitindo de Bucareste ou de Argel. Nas associações de estudantes, em encontros da Oposição. Em 1968, uma manifestação contra a guerra do Vietname pouco disfarçou o seu verdadeiro alvo, a guerra colonial.
Os nossos heróis não eram generais, mesmo de luvas e monóculo, mas guerrilheiros e, mais ainda, aqueles dirigentes dos movimento de libertação que tinham avançado a proposta de negociações com vista às independências, os que, como Cabral, declaravam ter preferido fazer a guerra não com armas, mas com livros… Ao mesmo tempo que pedíamos a deuses desconhecidos que não permitissem a morte dos nossos familiares e amigos, desejávamos a vitória do “in”, com cuja luta concordávamos. Uma geração divida entre lealdades, forçada, muito jovem, a optar entre o risco de ser morto e de matar, ou de abandonar para sempre tudo o que era, fora até então, a sua vida.
Escolhas que a origem e o meio social, os conhecimentos, as eventuais ligações clandestinas, podiam facilitar ou dificultar, mas que nunca eram fáceis.
E enquanto os rapazes partiam, para a frente ou para o exílio, as raparigas iam-se politizando, pelos empregos em que os substituíam, pelas cartas que recebiam, pela transformação que viam neles ao regressarem. Se, com o tempo, o silêncio parecia ser a opção de muitos, por vezes o desespero na frente de guerra ou no regresso marcado por um stress pós-traumático cujo nome então ignorávamos permitia deixar escapar informações que, como escreveu Mário de Carvalho numa peça representada pelo grupo “O Bando” teríamos, eventualmente, preferido não saber…
“Ele contava coisas, nas cartas”, dir-me-ia uma amiga, referindo um amigo comum. “Um preso tinha estado algemado demasiado tempo e não se conseguia tirar as algemas? Cortava-se o braço e pronto!”
Ainda nos anos sessenta telefonou-me certa tarde um amigo estudante, a quem tentara, em vão, convencer a desertar. O seu aspeto de menino tornara-o vítima dos que achavam que tinham por missão “fazer dele um homem”. Estudante de Direito, tinha sido obrigado a assistir a interrogatórios violentíssimos…Viera “cacimbado”. Despejou, durante horas, ao telefone, as torturas a que assistira. Anos depois, quando lhe pedi que me falasse disso para um trabalho jornalístico – a série “Geração de 60” – disse-me que devia estar confundida… Não, não, nada disso se tinha passado com ele, onde fora eu buscar essa ideia?
O número crescente de desertores e refratários em países onde a informação circulava livremente facilitava, naturalmente, a chegada de informação ao interior. E o contacto com a realidade do colonialismo começava a tornar claro, aos olhos dos militares, o absurdo da continuação da guerra em nome da defesa da Pátria e do Portugal do Minho a Timor.
Em termos de jornalismo, a informação continuava condicionada, mesmo depois de Marcelo Caetano ter substituído Salazar e a Censura Prévia ter passado a Exame Prévio. Em 1969, um artigo que escrevi sobre o oitavo aniversário do início da guerra em Angola, cuidadosamente objetivo, factual, foi integralmente cortado pela Censura e seria, mais tarde, usado contra mim no Tribunal Plenário de Lisboa. Guerra? Mas não havia guerra nenhuma, não é verdade? Eram meras ações de polícia… A simples manifestação de vontade de fazer uma reportagem do outro lado valeu para alguns meses de prisão…
As frases “Nem mais um só soldado para as colónias!” ou “Guerra do Povo à guerra colonial”, gritadas nos muros pintados à pressa por militantes do MRPP, as ações armadas desenvolvidas em Portugal pela LUAR, a ARA ou o PRP, a crescente denúncia da guerra por muitos católicos, tornavam mais difícil ao regime tapar os olhos à população. E, nas três frentes onde lutavam, os militares portugueses foram também descobrindo que a única solução era política e, para isso, havia que derrubar um Governo que, apesar de alguns indícios, não assumia a responsabilidade de pôr fim à guerra.
O 25 de Abril significou, em diversos locais, o fim imediato das hostilidades. Elementos do Exército Português e do PAIGC jogavam, poucos dias depois, futebol em Bissau. Vieram a descolonização, as independências – mas o silêncio, esse, permaneceu.
Porque foram as Forças Armadas a devolver-nos a democracia, tornava-se difícil criticar o que fora a sua ação no terreno. Se falávamos de “crimes de guerra”, lembravam-nos que eram jovens travando longe batalhas difíceis, e eram os políticos que deviam ser julgados. Se lhes lembrávamos que tinham combatido contra os ventos da História, recordavam que tinham sido eles a pôr fim à ditadura. E, mesmo entre alguns dos menos responsáveis, a noção de ter combatido uma guerra injusta tornava ainda mais difícil lidar com o sofrimento que ela lhes provocara.
Quando, pela primeira vez, comecei a tentar tratar do tema na RTP, choquei com um muro de silêncio. O Arquivo Audiovisual do Exército não me abria as portas, a maioria dos militares que contactava parecia ter passado pela guerra sem disparar nem ouvir um tiro. Ninguém admitia ter morto um inimigo. Torturado? Nem pensar!
Foi quase com surpresa que, na Guiné, ouvi presos guineenses contar-me torturas que tinham sofrido, não às mãos de agentes da PIDE, mas de militares. Faziam-no com o cuidado de distinguir sempre entre os que torturavam e os que tinham lágrimas nos olhos ao assistir, ou lhes davam a fumar um cigarro cúmplice. E não escondiam que, por vezes, eram mais cruéis os militares do recrutamento local que os “metropolitanos”.
Diana Andringa quando voltou ao Dundo para preparar a rodagem do filme Dundo, Memória Colonial. Luanda, 2006. Foto de Zé Catanho.
Nos últimos anos, livros, peças de teatro, filmes, blogues têm vindo a abordar a realidade da guerra. Há ainda, no entanto, um longo caminho a percorrer, para que se acalmem as guerras da memória, quer as que perturbam o trabalho dos historiadores, quer as que se travam na memória daqueles que as viveram. E que não, apenas, dos que as fizeram nas três frentes, mas dos pais, das mães, dos irmãos e irmãs, das namoradas e mulheres – e também dos filhos, a quem a guerra devolveu pais diferentes dos homens que eram ao partir. Homens marcados por memórias muitas vezes impossíveis de partilhar. Homens que pedem, como no poema de Housman, traduzido por Sena, “Não me perguntes mais, de medo que responda”.
Talvez por isso, para além desse poema, no episódio da série “Geração de 60”i que dediquei à guerra colonial escolhi como epígrafe uma frase inspirada no poema “Erva” de Carl Sandburg, também ele traduzido por Jorge de Sena : “Eu sou a memória, escondo tudo.”
“Amontoem cadáveres em Austerlitz e Waterloo,
Enterrem-nos bem e deixem-me à solta --
Eu sou a erva, escondo tudo.
Montes de corpos em Gettysburg
E montes de corpos em Ypres e Verdun.
Enterrem-nos bem e deixem-me à solta.
Dois anos, dez anos, e os passageiros para o condutor:
Que sítio é este?
Agora, onde estamos?
Eu sou a erva,
Deixem-me à solta.”
* Diana Andringa - Diana Andringa nasceu em 1947, no Dundo, Lunda-Norte, Angola, vindo para Portugal em 1958. Em 1964 ingressou na Faculdade de Medicina de Lisboa, que abandonou para se dedicar ao jornalismo. Em 1968, frequentou o 1º Curso de Jornalismo criado pelo Sindicato dos Jornalistas e entrou para a Vida Mundial, de onde saíu no âmbito de uma demissão colectiva. Desempregada, foi copy-writer de publicidade, trabalho que a prisão pela PIDE, em janeiro de 1970, interrompeu. Condenada a 20 meses de prisão por apoio à causa da independência de Angola, voltou ao jornalismo. De 1978 a 2001 foi jornalista na RTP. Foi também cronista no Diário de Notícias, na RDP e no Público e fugaz directora-adjunta do Diário de Lisboa. Actualmente documentarista independente - Timor-Leste, O sonho do Crocodilo; Guiné-Bissau: As duas Faces da Guerra; Dundo, Memória colonial, Tarrafal: Memórias do Campo da Morte Lenta, Guiné-Bissau: Da Memória ao Futuro - regressou à Universidade, doutorando-se em Sociologia da Comunicação pelo ISCTE em 2013 (Nota biográfica publicada no site do CES).
i As entrevistas referidas ao longo do texto pertencem ou à série Geração de 60, exibida na RTP2 em 1992