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"Único caminho para defender o interesse público é manter TAP pública"

Durante o debate de urgência sobre a privatização da TAP, o deputado bloquista Heitor de Sousa lembrou que, nos grandes negócios das privatizações, “os privados compram as empresas não com o seu próprio dinheiro mas com recurso a ativos dessas empresas ou ao crédito bancário com garantia pública”.

“O debate a que o PSD hoje nos convoca constitui um convite para um exercício, não de arte de representação formal, mas de uma performance parlamentar inspirada na sabedoria popular, que, há muito, identificou: olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”, afirmou Heitor de Sousa no início da sua intervenção no debate de urgência requerido pelo PSD sobre a privatização da TAP.

“A estória que o PSD nos traz é simples: revisitar o processo de re-reprivatização da TAP e engatilhar uma narrativa que, socorrendo-se de cortinas de fumo, tenta 'baralhar e dar de novo', como confessava Humberto Pedrosa à saída do recente acordo com o Governo relativo aos ajustes na estrutura acionista da TAP”, acrescentou o deputado bloquista.

O dirigente do Bloco lembrou que o Governo anterior alegou que, em 2012, a privatização da TAP tinha sido adiada devido a uma "conjuntura internacional desfavorável", tendo, em 2015, relançado o processo de venda da TAP numa situação nacional e internacional muito mais desfavorável.

“O resultado estava escrito nas estrelas: uma venda a preço de saldo, para amigos, por pouco mais de 10 milhões de euros”, destacou Heitor de Sousa.

“A pretexto de necessidades urgentes de recapitalização, o Governo de direita anunciou a capitalização imediata de 150 milhões de euros pelo consórcio Gateway, mas o dinheiro fresco que entrou na TAP veio quase todo de mais um empréstimo de curto prazo de 120 milhões de euros pela banca nacional, por sua vez parte da reestruturação do empréstimo de 730 milhões de euros garantido não pelos aviões do senhor Neeleman ou pelos autocarros do senhor Humberto Pedrosa mas pelo Estado”, referiu ainda o deputado.

Segundo Heitor de Sousa, “a operação de reprivatização da TAP só serve os interesses do senhor Neeleman para a recuperação da sua companhia aérea – a Azul – à custa do erário público português”, sendo que “a banca nacional e o Estado português vão continuar a ser o garante deste negócio quer no que se refere ao passivo quer no que se refere à dívida entretanto renegociada”.

“Tem sido sempre assim nos grandes negócios das privatizações: os privados compram as empresas não com o seu próprio dinheiro mas com recurso a ativos dessas empresas ou ao crédito bancário com garantia pública”, lamentou o deputado.

O dirigente bloquista lembrou ainda as críticas à administração de Neeleman e Fernando Pinto face aos cortes nas ligações com o aeroporto do Porto e à anunciada ponte aérea Porto-Lisboa, “numa operação cujos resultados são altamente duvidosos e frontalmente contrários aos interesses das populações do Porto e da região Norte”.

Para Heitor de Sousa, "o único caminho para defender o interesse público é manter uma TAP pública, gerida segundo critérios de eficiência económica certamente, mas gerida também em nome do interesse público”.

TAP: "Único caminho de defender o interesse público é manter uma TAP pública"

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